O câncer de cabeça e pescoço é considerado o sexto tipo de câncer mais comum no mundo. Tradicionalmente, os tratamentos incluem cirurgia e radioterapia, mas quando a doença se espalha ou retorna, as opções frequentemente se limitam a quimioterapia e imunoterapia, que nem sempre obtêm sucesso. Nesse contexto, o amivantamabe se destaca como uma “injeção inteligente” desenvolvida pela Johnson & Johnson, já aprovada para um tipo específico de câncer de pulmão. Este anticorpo monoclonal biespecífico atua ao se ligar a duas moléculas presentes no tumor, estimulando a resposta do sistema imunológico e bloqueando a proteína EGFR, um fator que favorece o crescimento tumoral.
Os ensaios clínicos de fase 1/2 foram realizados em 55 centros de pesquisa espalhados por 11 países. A terapia foi testada em pacientes com carcinoma espinocelular recorrente ou metastático, que normalmente não respondem bem às terapias tradicionais. O estudo revelou resultados encorajadores: 76% dos participantes experimentaram algum benefício clínico, com redução ou estagnação do câncer detectada em média após seis semanas. A terapia mostrou-se bem tolerada, com a maioria dos efeitos colaterais classificados como leves ou moderados.
Kevin Harrington, professor no instituto britânico e um dos responsáveis pela pesquisa, comentou sobre a inovação trazida pelo amivantamabe, ressaltando sua capacidade de agir em múltiplas frentes metabólicas do câncer. Ele também destacou a conveniência do tratamento, que é administrado por injeção subcutânea, diferentemente de muitos tratamentos que exigem longas horas em hospital.
Relatos de pacientes, como o de Carl Walsh, de 59 anos, que participou do estudo após a falência de outras terapias, demonstram a relevância do novo tratamento. Ele comentou que, antes do amivantamabe, enfrentava dificuldades significativas para realizar atividades cotidianas, mas agora sua qualidade de vida melhorou substancialmente.
Em um contexto paralelo, a empresa Fulgent Genetics também anunciou dados encorajadores de um novo tratamento, o FID-007, em combinação com outra medicação voltada para o mesmo tipo de câncer. A eficácia desse tratamento foi observada em 51% dos 35 pacientes avaliados, com uma média de sobrevida livre de progressão de 7,8 meses.
Esses avanços no campo da oncologia destacam a incessante busca por alternativas eficazes para o tratamento de cânceres desafiadores, trazendo esperança para pacientes que se veem sem opções diante de um diagnóstico grave.