Em meio à crise pós-eleitoral na Venezuela, o governo brasileiro, até o momento, tem se mantido neutro, sem reconhecer explicitamente a vitória de Maduro, o qual se autodeclarou reeleito no domingo, 28. Diferentemente de outras nações, o Brasil não se pronunciou de forma veemente sobre as alegações de fraudes eleitorais no país vizinho.
O senador Sérgio Moro (União-PR) expressou seu descontentamento em uma postagem no X (antigo Twitter), classificando a nota do PT como “vergonhosa” e descreveu Maduro como “tirano de Caracas”. Segundo Moro, o apoio do PT a Maduro expõe riscos à democracia brasileira. Sua esposa, Rosângela Moro, deputada federal e vice na chapa do pré-candidato à prefeitura de Curitiba, Ney Leprevost, também criticou a declaração, ao repostar uma publicação de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, acrescentando que “nada é tão ruim que não possa piorar”.
Marina Helena, candidata à Prefeitura de São Paulo pelo Partido Novo, afirmou que nem Lula nem o PT romperão laços com Maduro, sustentando que o líder venezuelano “sabe coisas demais sobre negociatas com empreiteiras e financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”. Segundo ela, Lula teme possíveis revelações comprometedoras de Maduro.
João Amoêdo, ex-presidente do Partido Novo, manifestou seu descontentamento, alegando que a postura do PT demonstra um comprometimento com erros e a defesa de ditaduras. Aos olhos de Amoêdo, o processo eleitoral venezuelano careceu de transparência e resultou na expulsão de diplomatas de países que questionaram a vitória de Maduro.
No seio do bolsonarismo, as críticas foram igualmente severas. Senadores como Rogério Marinho (PL-RN) rotularam o apoio do PT como previsível e expressaram a expectativa de um posicionamento de Lula. Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que é inaceitável acreditar que o PT defende a democracia.
Deputados federais como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Kim Kataguiri (União-SP) também mostraram descontentamento. Ferreira destacou a nota oficial do PT, enquanto Kataguiri denunciou a vitória de Maduro como fraudulentas. Mário Frias (PL-SP), ex-secretário de Cultura no governo Bolsonaro, usou as redes sociais para insultar o PT, chamando-o de “cadelinha de ditador”.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), outra ex-integrante do governo Bolsonaro, sublinhou a expulsão de diplomatas e a ausência de um posicionamento claro de Lula sobre os resultados eleitorais na Venezuela. Alves alertou para a necessidade de lembrar dessa postura nas próximas eleições municipais.
Em um movimento notável dentro do PT, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) foi a voz dissonante, referindo-se a Maduro como ditador. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criticou a eleição na Venezuela, questionando sua legitimidade à luz das pesquisas de opinião.
Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, adotou uma postura mais cautelosa, enfatizando a importância de informações precisas e imparciais, rejeitando julgamentos políticos antecipados e reiterando a necessidade de transparência nos processos eleitorais.