
Em meio à comoção por sua saída da presidência dos EUA, Barack Obama tem recebido seguidos elogios. Poucos, porém, reparam em uma das maiores ironias do governo que perdurou pelos últimos oito anos na América.
Vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2009 — prêmio esse que teve seu merecimento muito discutido —, Obama é também o presidente dos EUA que passou dois mandatos inteiros em guerra.
O presidente que deixa o cargo nesta sexta-feira (20) para dar espaço ao recém-eleito Donald Trump é o primeiro a completar dois mandatos inteiros com suas tropas em algum combate ativo. E isso diz muita coisa.
Para nível de comparação, nem mesmo Franklin Roosevelt, presidente que comandou o esforço militar norte-americano na Segunda Guerra, passou tanto tempo em guerra. George W. Bush, presidente no 11 de setembro, também não conseguiu o “feito”.
Bush, no caso, também ficou muito tempo em guerra, mas pôde “aproveitar” alguns meses de seu primeiro mandato antes do ataque ao World Trade Center. Último presidente democrata antes de Obama, Bill Clinton passou seus oito anos sem entrar em guerras.
A seu favor nesse assunto, Obama tem o fato de que assumiu a presidência dois conflitos em andamento — no Iraque e no Afeganistão. Seus principais envolvimentos foram na Síria e, principalmente, no combate ao Estado Islâmico.
Quando foi premiado Nobel da Paz em 2009, Obama parecia ter consciência desse ciclo de guerra quase infinito. Não à toa, durante seu discurso, afirmou: “Há de se aceitar a dura realidade. Não encerraremos nunca o conflito violento em nossas vidas”.
Yahoo
21/01/2016
