Publicado na revista Science, o estudo aponta que os hormônios responsáveis por aumentar o apetite por doces conseguem driblar a sensação de saciedade no organismo. Em experimentos com camundongos, os cientistas observaram que mesmo quando os animais estavam saciados, eles continuavam a consumir açúcar devido à ativação dos neurônios POMC, que liberam um hormônio chamado ß-endorfina, causando uma sensação intensa de prazer.
Essas células são ativadas quando há a expectativa de consumir doces, liberando a ß-endorfina, um opioide natural que desencadeia prazer e é imune ao hormônio da saciedade, a leptina. Dessa forma, a fome por açúcar persiste mesmo após refeições fartas. Além disso, a liberação da ß-endorfina também ocorre diante da simples expectativa de ingerir açúcar, tanto em ratinhos que nunca consumiram açúcar quanto em humanos.
Os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode ter um impacto significativo no tratamento de distúrbios alimentares. O bloqueio da sinalização opioide em camundongos mostrou redução no consumo excessivo de açúcar, o que pode ser uma chave importante no combate à compulsão por doces e à obesidade. Medicamentos que bloqueiam receptores opióides podem ser uma solução eficaz, embora mais estudos sejam necessários para aprofundar o conhecimento nessa área.
Nesse sentido, o estudo traz importantes reflexões sobre o comportamento alimentar e a relação do cérebro com a preferência por alimentos açucarados. A compreensão desses mecanismos pode ajudar na busca por tratamentos mais eficazes e direcionados para problemas relacionados à alimentação.