Neodescolonização: África prevê fim das bases militares estrangeiras e se prepara para crescimento econômico em 2025, alertam analistas em nova discussão.

O ano de 2025 apresenta-se como um marco crucial para a África, não apenas por ser o ano em que o G20 será sediado na África do Sul, mas também devido ao emergente processo de neodescolonização que promete redefinir as relações entre o continente e suas antigas potências coloniais. Este movimento, impulsionado pela crescente insatisfação com a presença militar e a influência ocidental, especialmente a francesa, sinaliza um desejo de autonomia e reconstrução das parcerias internacionais de forma mais equitativa.

Os analistas apontam que diversos países africanos estão rompendo laços com as ex-metrópoles, buscando estabelecer uma nova ordem baseada em desenvolvimento e cooperação. O continente, rico em recursos naturais, populações jovens e um mercado crescente, continua a atrair o interesse de potências globais como Rússia, China e Estados Unidos. Enquanto a China já consolidou sua presença por meio da iniciativa da Nova Rota da Seda, a Rússia também tem se posicionado como um parceiro significativo, especialmente em áreas como infraestrutura energética, respondendo a demandas que a China ainda não atendeu completamente.

O professor Eden Pereira, especialista em Estudos Africanos, destaca a trajetória promissora de nações como Senegal e Egito. O Senegal, sob a liderança do novo presidente Bassirou Diomaye Faye, está implementando um ousado plano de desenvolvimento que visa transformar sua economia em um período de 25 anos. Já o Egito, embora enfrente desafios como inflação alta, está avançando em projetos de telecomunicações e energia, visando tornar-se um polo de manufatura no continente africano.

O especialista em ciência política Mamadou Diallo ressalta que a continuação do processo de neodescolonização em 2025 exigirá uma redefinição das parcerias para a França e a União Europeia, sob pena de perderem influência e mercados na região. A debate sobre a presença de bases militares estrangeiras é central, e Diallo afirma que não há mais espaço para tais instalações, prevendo que a retirada das tropas francesas ocorrerá antes que seja uma necessidade forçada pela crescente pressão popular.

Além disso, as discussões no G20 estarão alinhadas com cuidado a questões ambientais e sociais, refletindo as experiências históricas da África do Sul na luta contra o racismo e a desigualdade. O secretário-geral da ONU, António Guterres, mencionou a futura inclusão de representantes africanos no Conselho de Segurança da ONU em 2025, mas Diallo alerta que isso precisa ser acompanhado de mudanças reais na dinâmica de poder.

Os desafios permanecem complexos: a África precisa lidar com a estabilidade interna, combatendo a ideia de que seus problemas são meramente resultado de influência externa. A necessidade de desenvolver uma elite local independentemente e criar oportunidades que desencorajem a migração em busca de “sucesso” no exterior é fundamental para a construção de um futuro mais sustentável e próspero para os jovens africanos. A autodeterminação, a reformulação de parcerias e o investimento em tecnologias locais são essenciais neste novo capítulo da história africana.

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