Apesar dessa janela de oportunidade, as divergências entre as prioridades de Washington e Bruxelas apontam para um futuro incerto. Os negociadores europeus têm se mostrado relutantes em atender a várias demandas do governo Trump, que inclui a reversão de regulamentações digitais que impactam tanto as redes sociais quanto as empresas de tecnologia da região — uma exigência que os legisladores da UE já descartaram.
Enquanto isso, os representantes europeus buscam reverter as tarifas de 10% que estiveram em vigor desde abril. No entanto, autoridades do governo dos Estados Unidos indicaram que esse patamar pode ser o novo limite, complicando os esforços das partes em trabalhar por um acordo que atenda a ambos os lados.
O porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, sugeriu que uma abordagem de “zero por zero” — ou seja, a eliminação total das tarifas sobre produtos industriais — poderia servir como um bom ponto de partida para as tratativas. Ele enfatizou que essa proposta seria defendida vigorosamente pela UE.
Adicionalmente, a comissão está progressivamente refinando listas de produtos que poderiam ser sujeitos a tarifas retaliatórias. Duas listas já foram reveladas: uma com produtos avaliados em cerca de 23 bilhões de dólares e outra, ainda em finalização, que chega a impressionantes 107 bilhões de dólares. Essas medidas visam pressionar os EUA caso as negociações não avancem conforme o esperado.
Outro aspecto a ser considerado é o desequilíbrio comercial entre as duas nações, uma questão que continua a ser uma fonte de frustração para Trump. Os negociadores europeus buscam soluções que envolvem a compra de mais gás natural liquefeito e microchips avançados, na esperança de mitigar esse déficit e convencer os EUA a ceder nas exigências comerciais. Contudo, muitos especialistas acreditam que, mesmo com essas concessões, a total eliminação do déficit comercial é improvável.
Portanto, enquanto o diálogo recomeça, a expectativa é de que as partes possam encontrar um terreno comum, embora muitos obstáculos ainda precisem ser superados para que um acordo seja alcançado.