A pesquisa foi conduzida por um grupo liderado por Francesco d’Errico, da Universidade de Bordeaux, na França. Os cientistas focaram a análise em 16 fragmentos de ocre, datados de até 70 mil anos, encontrados em sítios arqueológicos localizados na Crimeia e na Ucrânia. Para isso, foram empregadas técnicas avançadas, como microscopia eletrônica e varredura por raios X. Essas metodologias permitiram aos pesquisadores examinar em detalhe as composições químicas dos fragmentos, bem como as marcas e padrões deixados nas superfícies, revelando como o material era manipulado.
A evidência de que os Neandertais podiam ter uma compreensão simbólica do mundo ao seu redor desafia a imagem tradicional que se tem desses hominídeos. Durante muitos anos, a narrativa predominante sugeria que os Neandertais eram seres rudimentares, limitados a sobrevivência básica sem a capacidade de elaborar conceitos mais complexos. No entanto, este estudo reforça a ideia de que eles possuíam uma vida cultural rica e variada, com práticas que envolviam a arte e talvez até mesmo rituais.
A descoberta não apenas amplia nosso entendimento sobre a cultura Neandertal, mas também nos convida a reavaliar o papel desses hominídeos na história da evolução humana. A capacidade de usar o ocre para fim simbólico, assim como para a sobrevivência, indica um nível de inteligência e criatividade que merece reconhecimento e consideração em estudos futuros sobre a história da humanidade. Assim, os Neandertais aparecem não mais como simples predecessores dos humanos modernos, mas como seres complexos e multifacetados, dotados de pensamento abstrato e um senso estético que desafia as concepções tradicionais.









