No entanto, a expectativa dos parlamentares era que Delgatti respondesse aos questionamentos na CPI, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que ele permanecesse em silêncio após um recurso apresentado por seus advogados. Em seu depoimento à Polícia Federal na quarta-feira, a defesa do hacker informou que ele apresentou conversas que indicam o pagamento de cerca de R$ 40 mil para a invasão de sistemas do Poder Judiciário, supostamente realizados por pessoas ligadas à deputada federal Carla Zambelli.
O hacker já confessou ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele também afirmou que o crime foi encomendado por Zambelli, o que a deputada nega. Além disso, a Polícia Federal suspeita do envolvimento de Delgatti em um plano para invadir as urnas eletrônicas e promover uma fraude.
Em 2019, o hacker ganhou notoriedade após ser apontado pela PF como um dos responsáveis pela invasão de mensagens de autoridades dos Três Poderes. Entre as pessoas cujas mensagens foram divulgadas estão o ex-juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, e procuradores da força-tarefa da operação.
No momento, a CPI do 8 de Janeiro está em uma nova fase em que parlamentares governistas tentam direcionar as investigações para o esquema de desvio de presentes oficiais recebidos por Bolsonaro. A relatora da CPI, senadora Eliziane Gama, pretende aprofundar as descobertas relacionadas ao suposto esquema de venda de joias e outros itens dados ao ex-presidente. Porém, o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia, resiste em abordar esse assunto.
Parlamentares alinhados ao governo também demandam a convocação do general Mauro César Lourena Cid, do tenente Osmar Crivelatti e do advogado Frederick Wassef, que foram alvos de mandados de busca e apreensão na última semana durante a investigação do suposto esquema de vendas de joias. Há, ainda, pedidos de quebra de sigilo fiscal de Bolsonaro e sua esposa, assim como a apreensão de seus passaportes. No entanto, mesmo entre os governistas, há a avaliação de que esse assunto não é prioritário no momento e poderia ser abordado apenas no final da CPI.
Dessa forma, o depoimento de Walter Delgatti Neto na CPI do 8 de Janeiro nessa semana pode trazer novos elementos para a investigação do suposto esquema de desvio de joias e outros itens de valor atribuídos a Jair Bolsonaro durante o seu mandato como presidente do país. O posicionamento do hacker, no entanto, permanece em silêncio devido à autorização do STF.