Um estudo realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou que, nos últimos 10 anos, 93% dos municípios brasileiros foram atingidos por algum tipo de desastre natural, resultando em registros de emergência ou estado de calamidade pública. Os desastres mais comuns foram tempestades, inundações, enxurradas e alagamentos. Ao todo, mais de 2,2 milhões de moradias foram danificadas em todo o país, afetando mais de 4,2 milhões de pessoas que tiveram que deixar suas casas. O estudo também aponta que, nesse período, 107.413 moradias foram destruídas.
De acordo com o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, o setor habitacional é o mais afetado economicamente pelos desastres. Ao longo desses 10 anos, o prejuízo ultrapassou a marca dos R$26 bilhões. Ziulkoski também destaca que os municípios estão praticamente sozinhos em seus esforços para socorrer a população, já que não há apoio suficiente do governo para prevenção e investimentos.
A região Sul é a mais, afetada, com 46,79% das casas atingidas e prejuízo financeiro de R$4 bilhões. Já a região Nordeste concentra a maior perda financeira, totalizando cerca de R$16 bilhões. O Sudeste teve 20,98% das casas danificadas e destruídas, enquanto a região Norte apresentou 16,33%. O Centro-Oeste foi a região menos afetada, com apenas 1% das casas atingidas.
O ano de 2022 foi o ano com o pior cenário, com 371.172 moradias danificadas ou destruídas. Os prejuízos financeiros, por sua vez, tiveram uma concentração maior no período de 2020 a 2022.
A CNM destaca a importância de políticas integradas de gestão urbana, habitação e prevenção do risco de desastres para mitigar os prejuízos e os impactos sociais e econômicos causados pelos desastres naturais. No entanto, a entidade observa que o investimento federal nessa área é baixo, além de existirem fragilidades técnicas e descontinuidade de programas de capacitação compartilhados com os municípios.
A CNM também destaca que as contratações de moradias para famílias de menor renda em regiões de alto risco diminuíram drasticamente desde 2015, ao mesmo tempo em que o número de registros de desastres e moradias afetadas continua crescendo. A entidade ressalta a necessidade de priorizar políticas públicas de prevenção e adaptação nas áreas de risco.