A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada recentemente pela CNC, revelou que, apesar da diferença entre os gêneros ter diminuído em relação a 2024, o percentual de mulheres endividadas em fevereiro deste ano foi de 76,9%, enquanto o percentual de homens endividados foi de 76%. Em fevereiro do ano passado, a diferença era de 1,6 ponto percentual.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, ressalta que a diferença salarial entre homens e mulheres ao longo do tempo tem contribuído para o maior endividamento feminino. Ele destaca que as mulheres, historicamente, possuem menor renda e precisam de mais crédito para manter suas despesas do dia a dia, já que muitas vezes são as únicas responsáveis pelo sustento familiar.
Além da diferença salarial, a especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Merula Borges, aponta a dificuldade que as mulheres enfrentam para obter crédito, especialmente aquelas que empreendem de forma informal, reforçando a necessidade de mais medidas para facilitar o acesso ao crédito feminino.
Um estudo da Serasa mostrou que 93% das mulheres participam financeiramente das despesas familiares, sendo responsáveis sozinhas em 33% dos lares. Nas faixas de renda mais baixas, esse percentual aumenta para 43%, evidenciando a carga financeira que muitas mulheres precisam lidar diariamente.
Apesar do maior endividamento, as mulheres demonstram mais consciência sobre o orçamento, de acordo com Felipe Tavares. Ainda segundo a pesquisa da Serasa, 85% das mulheres já tiveram um pedido de crédito negado, sendo a dificuldade de obter crédito (47%) e o endividamento (31%) os principais desafios apontados por elas.
Em meio a esse cenário, especialistas recomendam um planejamento financeiro cuidadoso, com atenção para não contrair dívidas desfavoráveis. O controle do orçamento e a conscientização sobre as condições do crédito são essenciais para evitar problemas financeiros no futuro.