Mulher vai tirar RG e atendente pede para ela diminuir o volume do cabelo e passar uma água no rosto

A Polícia Civil instaurou um inquérito nesta terça-feira (24), para apurar a denúncia de uma jovem de 25 anos que disse ter sofrido preconceito racial em Divinópolis, durante o registro de fotos em formato 3×4 para a carteira de identidade dela. Após o ocorrido, o G1 procurou a jovem, a polícia, o Estado e a empresa onde ela tirou as fotos . (Veja abaixo).

Segundo publicação feita por Sara Policarpo no Instagram, ao chegar à Unidade de Atendimento Integrado (UAI) com os documentos necessários para renovar o Registro Geral (RG) dela e tirar o mesmo documento para a filha, foi informada que as fotos de ambas estavam fora do padrão exigido.

Em seguida, a jovem foi a um estabelecimento fotográfico que fica em frente à sede da UAI e disse que, após tirar a foto, o atendente informou que teria que “cortar” partes do cabelo dela da imagem em um programa de edição fotográfica para que a foto fosse aceita para a confecção do documento de identidade.

Sara então relatou que disse para o profissional que já havia feito fotos 3×4 para documentos anteriormente e que o cabelo nunca tinha sido impedimento. Consta ainda na postagem em rede social, que a jovem voltou para casa sem as fotos e sem conseguir fazer os documento dela e da filha.

Ocorrência
Ao chegar em Itaúna, Sara chamou a Polícia Militar (PM) e registrou boletim de ocorrência. No registro, ela comentou que o funcionário pediu para que fosse ao banheiro para diminuir o volume do cabelo e que passasse uma água no rosto.

Consta ainda no documento policial, de que a jovem informou que “a exigência foi feita somente a ela e não às outras clientes brancas”, a quem o profissional apenas pedia que colocassem o cabelo atrás da orelha.

No boletim de ocorrência ainda há informação de que o funcionário submeteu a fotografia a um programa de computador e a editou, eliminando todo o cabelo e deixando só o rosto na imagem. Em seguida, ele fez o mesmo com a foto da filha dela. O que, segundo Sara, a deixou constrangida.

Sara Policarpo foi ouvida na segunda-feira pela Polícia Civil, que representou contra o dono do estabelecimento.

O outro lado
A reportagem entrou em contato com os citados.

A loja WD Digital, onde a jovem fez as fotos, informou ao G1 que sempre faz o trabalho dentro dos parâmetros exigidos para fotografias de documentos de identidade. Informou, ainda, que não houve a intenção de ofender a jovem. Veja posicionamento na íntegra:

“Estamos trabalhando como sempre trabalhamos fazendo as fotos dentro dos parâmetros exigidos pela portaria que é de 70% a 80% do rosto. Estamos tranquilos, pois em nenhum momento houve a intenção de ofensa ou qualquer outro tipo de racismo ou algo parecido. A nossa intenção é sempre atender bem a todos os clientes e fazer de forma que a foto não seja reprovada, pois tem as normas exigidas. Se não fôssemos profissionais honestos, simplesmente faríamos a foto de qualquer jeito e receberia por ela, mas sempre temos a consideração por todos em fazer de forma que a foto não seja reprovada. Agradecemos desde já”.

Em nota ao G1, a Polícia Civil disse que segue as normas previstas na Portaria nº 2, de 15 de abril de 2019, do Instituto de Identificação, que estabelece padrões técnicos mínimos para a fotografia ser utilizada no processo de emissão de carteiras de identidade civil em Minas Gerais. Ainda em nota, a polícia reforçou que não compactua com qualquer conduta de racismo.

O Governo do Estado, responsável pela administração das UAIs, também se pronunciou por meio de nota e informou que recebeu as solicitações de confecção de documento de identidade da denunciante, na última sexta-feira (20). Contudo, ambas fotografias estavam em desacordo com as recomendações da portaria, segundo a UAI. A unidade frisou que o cabelo ou o penteado não interferem na confecção do documento.

Regras para fotos de documento

De acordo com a polícia, as regras para fotos que vão ilustrar documentos são as seguintes:

Com informações de G1

Sair da versão mobile