Os ex-presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram os parlamentares que mais direcionaram emendas de comissão em 2023. Segundo levantamento da Revista Oeste, os dois destinaram, juntos, R$ 460 milhões para seus estados — Alagoas e Minas Gerais —, o que representa a maior parcela desse tipo de recurso liberado pelo Congresso Nacional no ano passado.
De acordo com dados obtidos pelo jornal O Globo, Lira enviou R$ 250 milhões para Alagoas, valor quase seis vezes superior ao teto de emendas individuais a que cada deputado federal tem direito anualmente, fixado em R$ 37,5 milhões. Já Pacheco direcionou R$ 215 milhões para Minas Gerais, o equivalente a cerca de três vezes a cota anual dos senadores, de R$ 69,3 milhões.
Em sua defesa, o senador mineiro argumentou que o montante se justifica pela dimensão de Minas Gerais, que concentra aproximadamente 15% dos municípios do país. Embora seu nome não conste nas atas oficiais das comissões, Pacheco admitiu ter sido o responsável pelas indicações. Todas as emendas da bancada do PSD no Senado foram registradas em nome do líder do partido na Casa, senador Omar Aziz (AM).
O uso dessas emendas passou a ser alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente pela falta de transparência nas indicações. Em agosto de 2024, o ministro Flávio Dino determinou a suspensão dos pagamentos até que houvesse identificação clara dos parlamentares beneficiados. Anteriormente, os repasses eram registrados apenas sob o nome das comissões, sem atribuição direta a seus autores.
Com a reinstalação das comissões permanentes da Câmara e do Senado em 2025, os colegiados ratificaram as indicações feitas no ano anterior e incluíram os nomes dos parlamentares responsáveis — com exceção das emendas vinculadas a Rodrigo Pacheco, que ainda permanecem sem registro nominal nos documentos oficiais.
