Dentre as principais reivindicações do movimento, destacam-se a liberação de créditos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA/CONAB), a ampliação do acesso ao Pronaf A/C, assistência técnica contínua, habitação no campo e o assentamento imediato de mais de 5 mil famílias que permanecem acampadas, muitas delas há mais de duas décadas. O MST argumenta que a agricultura familiar corresponde a cerca de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, enquanto a agricultura em São Paulo se caracteriza pela monocultura e pela industrialização. Atualmente, existem aproximadamente 300 assentamentos no estado, beneficiando cerca de 20 mil famílias.
Márcio Santos, coordenador do MST no estado, expressou a insatisfação do movimento com a lentidão das ações do governo federal em relação à reforma agrária. Ele enfatizou a importância dessa mobilização para pressionar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a avançar em uma política que, segundo ele, está aquém do necessário. Santos reafirmou que a jornada busca “pressionar o governo a destravar uma pauta essencial, não apenas para os camponeses, mas também para o Brasil como um todo”.
O governo federal, por sua vez, alega que está comprometido com a reforma agrária e que tem acelerado os processos através do programa Terra da Gente. Entre 2023 e 2025, foram entregues mais de 12 mil lotes em 138 assentamentos e desapropriados mais de 13 mil hectares, beneficiando cerca de 800 famílias. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, reconheceu a pressão do MST como válida, mas destacou as dificuldades enfrentadas para aprovar as medidas no Congresso Nacional.
A reforma agrária no Brasil é uma questão complexa e historicamente debatida, estipulada na Constituição de 1988 e regulamentada pela Lei nº 8.629/1993. Desde sua implementação, o INCRA coordena as ações voltadas para a redistribuição da terra, tendo assentado mais de 1,2 milhão de famílias até 2021. Entretanto, o MST defende que não basta apenas o assentamento. Para garantir a sustentabilidade e a produção de alimentos, é vital que haja assistência técnica adequada, acesso a crédito e investimentos em infraestrutura rural. A mobilização contínua do movimento revela não apenas a urgência das demandas por justiça agrária, mas também um reflexo das expectativas da sociedade sobre as políticas públicas em um setor tão crucial para a segurança alimentar do país.