MPF Cobra Medidas de Segurança na BR-277 Após Crescente Número de Mortes de Indígenas na Terra Rio das Cobras em 20 Anos.

Aumenta a Preocupação com a Segurança dos Indígenas na BR-277: MPF Busca Respostas da Concessionária

O Ministério Público Federal (MPF) está intensificando suas ações para garantir a segurança dos indígenas que habitam a região da Terra Indígena Rio das Cobras, situada no estado do Paraná, ao lado da movimentada rodovia BR-277. Desde que assumiu a gestão da estrada em abril de 2025, a concessionária EPR Litoral Pioneiro enfrenta uma série de críticas pela falta de medidas adequadas para proteger a população local, que frequentemente utiliza a via para diversas atividades cotidianas.

Dados alarmantes revelam que, nos últimos 20 anos, 91 indígenas perderam a vida em decorrência de acidentes de trânsito na rede de saúde municipal de Nova Laranjeiras, com 82 desses óbitos envolvendo pedestres. A rodovia, que conecta cidades importantes como Paranaguá e Foz do Iguaçu, é marcada por um intenso fluxo de caminhões e veículos, representando um verdadeiro desafio para os moradores da comunidade indígena que frequentemente cruzam a estrada para acessar comércio, escolas, e também para vender seus artesanatos.

Recentemente, uma equipe de reportagem fez uma visita à região e constatou a ausência de elementos de segurança essenciais. A falta de redutores de velocidade eletrônicos, faixas de pedestres visíveis e um acostamento seguro contribuem para o aumento do risco de acidentes. Além disso, a iluminação deficiente ao longo da BR-277 aumenta ainda mais a vulnerabilidade no horário noturno.

Um aspecto que merece atenção é o consumo de álcool entre alguns indígenas, que dificuldades acentuam ao retornarem caminhando da cidade de Nova Laranjeiras, muitas vezes em estado debilitado. Esse fator eleva os riscos associados ao tráfego rodoviário, gerando um ciclo preocupante de acidentes.

Em resposta ao cenário preocupante de acidentes, a EPR Litoral Pioneiro declarou que está em processo de implementação de melhorias na segurança da rodovia e na identificação das comunidades indígenas e quilombolas ao longo da via. O pedido de clarificação por parte do MPF foi motivado pela recorrência de incidentes fatídicos.

Os números de mortes de indígenas em acidentes de trânsito são alarmantes. Entre 2000 e 2023, quase 2.000 mortes foram registradas, superando o número de mortes por doenças virais e outras enfermidades graves. O crescimento das fatalidades é evidente: entre 2001 e 2010 houve 569 óbitos, enquanto que em 2011 a 2020 esse número saltou para 951, refletindo um aumento significativo de 67%. Nos últimos três anos, o registro de 386 mortes já representa 40% do total contabilizado na década anterior.

Diante desses dados, a situação exige atenção imediata das autoridades competentes, que devem intervir para assegurar não apenas mais medidas de segurança, mas também um acompanhamento eficaz da saúde e bem-estar das comunidades indígenas, que continuam a enfrentar desafios exacerbados pela falta de infraestrutura adequada ao redor da BR-277.

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