Durante o podcast, Moreno destacou a importância da participação das tropas africanas na vitória dos Aliados e a expectativa de que o direito à autodeterminação dos povos, preconizado na Carta do Atlântico, fosse aplicado aos territórios coloniais. No entanto, esse princípio não foi imediatamente concedido às colônias africanas, o que levou Portugal a realizar uma revisão constitucional para transformar as colônias em províncias ultramarinas.
A especialista ressaltou que, apesar dessa mudança legal, a maioria da população das colônias não obteve reconhecimento de cidadania portuguesa. A censura e a repressão do Estado Novo português foram estratégias utilizadas para conter os movimentos independentistas, resultando em prisões e deportações de líderes nacionalistas.
As guerras de libertação nas colônias, que se intensificaram na década de 1960, contaram com o apoio de países vizinhos e da União Soviética. A Argélia também desempenhou um papel crucial no apoio aos movimentos de independência, servindo de sede para exilados políticos africanos e sul-americanos.
A Revolução dos Cravos, que culminou na queda da ditadura de Salazar em 1974, foi influenciada pelos confrontos entre Portugal e os movimentos de independência nas colônias. Para Moreno, o marco de 50 anos de independência é uma oportunidade para reafirmar a história própria desses territórios e não mais seguir a narrativa imposta por um colonizador estrangeiro.
Ao longo de 2025, estão previstos eventos com especialistas para celebrar e discutir as independências de Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, reforçando a importância desse marco na história desses países africanos.