Movimentos de independência em colônias portuguesas da África resultaram na queda da ditadura de Salazar – especialista explica.

No aniversário de 50 anos da independência das ex-colônias portuguesas na África, um especialista traçou um histórico da luta pela emancipação desses territórios durante um podcast do Mundioka. Segundo Helena Wakim Moreno, pesquisadora associada do Centro de Estudos Africanos da USP, a questão da independência começou a ganhar força durante a Segunda Guerra Mundial, quando as colônias portuguesas passaram a ter um papel estratégico no conflito.

Durante o podcast, Moreno destacou a importância da participação das tropas africanas na vitória dos Aliados e a expectativa de que o direito à autodeterminação dos povos, preconizado na Carta do Atlântico, fosse aplicado aos territórios coloniais. No entanto, esse princípio não foi imediatamente concedido às colônias africanas, o que levou Portugal a realizar uma revisão constitucional para transformar as colônias em províncias ultramarinas.

A especialista ressaltou que, apesar dessa mudança legal, a maioria da população das colônias não obteve reconhecimento de cidadania portuguesa. A censura e a repressão do Estado Novo português foram estratégias utilizadas para conter os movimentos independentistas, resultando em prisões e deportações de líderes nacionalistas.

As guerras de libertação nas colônias, que se intensificaram na década de 1960, contaram com o apoio de países vizinhos e da União Soviética. A Argélia também desempenhou um papel crucial no apoio aos movimentos de independência, servindo de sede para exilados políticos africanos e sul-americanos.

A Revolução dos Cravos, que culminou na queda da ditadura de Salazar em 1974, foi influenciada pelos confrontos entre Portugal e os movimentos de independência nas colônias. Para Moreno, o marco de 50 anos de independência é uma oportunidade para reafirmar a história própria desses territórios e não mais seguir a narrativa imposta por um colonizador estrangeiro.

Ao longo de 2025, estão previstos eventos com especialistas para celebrar e discutir as independências de Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, reforçando a importância desse marco na história desses países africanos.

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