Expertos na área têm apontado o racismo como o principal motor por trás desse movimento. As inseguranças e as violências enfrentadas na vida cotidiana nos países de origem, especialmente entre comunidades negras, estão impulsionando muitos a reavaliar suas identidades e procurar um sentido de pertencimento em um lugar que simboliza suas origens. Isso é particularmente verdadeiro para jovens que se sentem desconectados de suas sociedades, lutando contra a discriminação e a marginalização.
O desejo de escapar de contextos hostis e violentos é palpável, e muitos estão sendo atraídos por nações africanas que promovem políticas de cidadania para afrodescendentes, como o Benin, que oferece cidadania a qualquer pessoa de origem africana. A África do Sul, conhecida por sua rica diversidade e história, também surge como um destino popular para esses novos migrantes.
Outro fator que tem facilitado essas migrações é a ascensão do trabalho remoto, potencializado pela pandemia de Covid-19. A possibilidade de trabalhar de qualquer lugar do mundo tem proporcionado aos indivíduos a liberdade de viver na África enquanto mantêm suas carreiras. Essa nova realidade não apenas cria oportunidades para ascensão social, mas também permite o desenvolvimento de novas redes de apoio entre africanos e afrodescendentes em todo o continente.
Contudo, essa migração não ocorre sem desafios. Apesar da busca por um novo lar, muitos enfrentam questões de identidade, pertencimento e reconhecimentos culturais. A adaptação a uma nova sociedade pode ser complexa, e existem tensões sociais entre recém-chegados e locais que muitas vezes resultam em dilemas de classe e cultura.
No Brasil, apesar de um movimento menos pronunciado, há uma crescente consciência entre jovens que buscam saber mais sobre suas origens africanas. Muitos têm relatado experiências de violência racial no Brasil, resultando em uma decisão de buscar novas oportunidades no continente africano. A conexão com as raízes afro-brasileiras, a valorização da cultura e a diversidade social encontrada em nações africanas têm atraído a atenção dessa juventude.
Assim, enquanto a migração de afrodescendentes para a África representa uma busca por identidade e pertencimento, ela também destaca a complexidade das realidades sociais que envolvem raça, cultura e integração. O fenômeno pode ser visto como um reflexo das lutas históricas e contemporâneas das comunidades afrodescendentes por reconhecimento, aceitação e oportunidades em um mundo que ainda enfrenta profundas desigualdades raciais.