A primeira reação da comunidade de motoristas por aplicativo foi de compaixão e apoio. Um líder desse grupo entrou em contato com a família do motorista, acreditando na narrativa inicialmente apresentada, que envolvia bandidos e uma situação extrema. Com base em extratos bancários fornecidos, ele organizou uma campanha de arrecadação que rapidamente ganhou força, levando a uma soma expressiva de doações.
No entanto, o alarde de solidariedade logo se transformou em um grande mal-entendido. Com a descoberta da fraude, as autoridades orientaram aqueles que contribuíram financeiramente a registrarem boletim de ocorrência por estelionato, com o intuito de reaver os valores doados. O delegado João Marcelo, da Seção Antissequestro, destacou a situação delicada em que se encontram as pessoas que ajudaram de boa-fé e reafirmou que elas têm todo o direito de buscar a devolução do que foi dado.
O organizador da campanha, à medida que a verdade veio à tona, sugeriu que os recursos arrecadados fossem direcionados a um colega em necessidade, que enfrenta dificuldades financeiras devido ao tratamento do câncer de um filho pequeno. No entanto, a Polícia Civil deixou claro que não cabe a eles decidir o futuro das doações, mas que acompanharão o processo para garantir que a transparência seja mantida.
A trama se desdobrou ainda mais quando os investigadores descobriram que o motorista havia planejado sua farsa para aplicar um golpe de seguro de aproximadamente R$ 50 mil. O veículo, que já enfrentava a iminente busca e apreensão, era um indicativo das dificuldades financeiras severas que o homem estava enfrentando. As investigações foram aprofundadas por meio de análises técnicas e identificação de contradições em seus depoimentos, que eventualmente levaram à revelação da farsa.
Agora, a situação provoca reflexões não apenas sobre a capacidade de enganar o próximo, mas também sobre a importância de verificar fatos antes de oferecer ajuda, especialmente em um mundo tão conectado digitalmente. As vítimas da fraude têm a opção de recorrer à Justiça, trazendo à tona questões de responsabilidade e confiança na era das redes sociais e do financiamento coletivo.