Moro defende anistia para manifestantes do 8 de Janeiro e critica penas severas: “Tratamento penal deve ser individualizado e proporcional”.

O senador Sergio Moro, atualmente filiado ao União Brasil do Paraná, voltou a discutir a questão da anistia para os manifestantes que foram detidos em decorrência dos eventos tumultuosos do dia 8 de janeiro. Em uma gravação compartilhada nas redes sociais, o ex-juiz da operação Lava Jato denunciou a severidade das penas aplicadas a indivíduos que, segundo ele, cometeram transgressões consideradas menores em comparação aos atos de vandalismo mais graves associados a essa data. Moro sublinhou que muitos já estão encarcerados há mais de dois anos e citou casos lidar com penas que chegam a 17 e 18 anos, argumentando que isso é desproporcional.

Durante sua análise, o senador fez uma distinção importante entre os diversos envolvidos nos episódios de invasão a prédios públicos. Embora tenha reconhecido que alguns manifestantes ultrapassaram os limites do aceitável, ele defendeu que não se deve rotular todos como criminosos perigosos. “As pessoas podem ter se excedido, mas elas não merecem essas penas extremas”, enfatizou, referindo-se à necessidade de um tratamento penal que leve em conta a individualidade dos casos e as circunstâncias que levaram cada manifestante a agir de determinada forma.

Moro também levantou preocupações sobre a tramitação dos processos no Supremo Tribunal Federal (STF), sugerindo que os acusados deveriam ser julgados em primeira instância, uma prática que, segundo ele, foi previamente adotada em relação a outros casos de grande repercussão, como o do ex-presidente Lula. “Bolsonaro não é mais presidente. Se generais estiverem sendo acusados, que sejam julgados nas instâncias apropriadas”, completou, alertando que a judicialização direta no STF pode criar uma percepção de que as condenações estão predeterminadas, o que pode prejudicar a imagem da própria corte.

Essas declarações de Moro reacendem um debate importante sobre justiça, proporcionalidade das penas e a percepção pública sobre a atuação do Poder Judiciário no Brasil em momentos de alta tensão política. O senador, ao fazer essas ponderações, busca trazer à tona a necessidade de um olhar mais humanizado e justo às situações que cercam as manifestações populares, especialmente aquelas que resultaram em repercussões legais severas.

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