MORDOMIAS – Arthur Lira entra na lista de viagens milionárias da Câmara, mas cancela voo de R$ 67 mil a Nova York – com Jornal Rede Repórter

Os gastos com viagens de deputados federais voltaram a crescer de forma explosiva em 2025. Segundo levantamento do jornalista Lúcio Vaz, especializado em fiscalizar o uso do dinheiro público em Brasília, as despesas com deslocamentos nacionais e internacionais já ultrapassaram R$ 7,8 milhões até outubro — valor muito acima dos R$ 3,7 milhões registrados em todo o ano passado.

O alagoano Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara e um dos políticos mais influentes do país, também figura na lista. Ele havia comprado uma passagem em classe executiva para Nova York no valor de R$ 67 mil, mas a viagem foi cancelada “por motivo justificado, porém não divulgado”. A Câmara informou que o bilhete poderá ser utilizado em outro deslocamento dentro de um ano, o que mantém a despesa em aberto.

O episódio chama atenção porque Lira, que deixou o comando da Casa no início deste ano, sempre foi um dos defensores da “responsabilidade no uso do dinheiro público”. Ainda assim, o valor de sua passagem cancelada é quase o mesmo gasto por todo um grupo de deputados em viagens internacionais de trabalho.

O levantamento mostra que o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), seguiu a mesma trilha de gastos elevados. Ele liderou comitivas em viagens a Nova York e Lisboa, muitas delas realizadas com jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB). Apenas esses voos custaram mais de R$ 460 mil aos cofres públicos.

Entre os eventos que mais drenaram recursos, o Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pela Faculdade de Direito de Lisboa com o ministro do STF Gilmar Mendes, consumiu R$ 498 mil. Já a missão de 25 parlamentares em Nova York somou R$ 446 mil. Outras viagens incluíram destinos como Singapura, Tashkent e Hanói, totalizando mais de R$ 600 mil.

Os deputados podem viajar em classe executiva se ocuparem cargos de destaque, como presidências de comissões ou postos na Mesa Diretora. Aqueles que não se enquadram nesses cargos também podem fazê-lo — basta pagar a diferença com a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), verba bancada pelo contribuinte.

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