Durante a leitura de seu voto, Moraes não hesitou em qualificar Bolsonaro como o “líder da organização criminosa”, um rótulo que implica sérias acusações sobre a condução de ações que visavam desestabilizar a ordem democrática do país. O ministro enfatizou a existência de provas que sustentam a tese de que houve uma compreensão clara de que um golpe estava sendo planejado, o que, conforme suas palavras, resulta em um “dano ao patrimônio público” e a uma “tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito”.
Moraes destacou momentos cruciais, como os ataques à Justiça Eleitoral promovidos pela facção de Bolsonaro, e a controversa reunião do ex-presidente com embaixadores estrangeiros em julho de 2022, onde ele questionou a transparência das urnas eletrônicas. O ministro definiu esse encontro como uma tentativa de “entreguismo nacional”, reforçando a gravidade das acusações.
Além de Bolsonaro, estão em julgamento figuras proeminentes como Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente; Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência; e vários ex-ministros de sua administração, incluindo os de Defesa e Justiça. O processo é conduzido pela Primeira Turma do STF, que contará com os votos de outros ministros, como Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.
Esse julgamento marca um marco importante na história recente do Brasil, refletindo as tensões políticas ainda latentes no país e a firme postura do STF em lidar com questões que envolvem ameaças à democracia. Aqui, se delineia não apenas o futuro dos réus, mas também um debate mais amplo sobre a integridade das instituições democráticas e a proteção do Estado de Direito na nação. A expectativa sobre o desfecho do julgamento é grande, com possíveis repercussões que ecoarão na política brasileira por muito tempo.