A decisão de Moraes atende a uma solicitação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que enfatizou a necessidade de realizar diligências adicionais para elucidar questões ligadas à denominada “Abin Paralela”. Este termo refere-se às acusações de que a Agência Brasileira de Inteligência utilizou sua estrutura para desferir ataques a autoridades, ao sistema eleitoral e a outras instituições públicas. Gonet assinalou que é fundamental investigar com maior rigor se houve, de fato, tentativas de interferência nas investigações, conforme indicado pelos diálogos e testemunhos de Moro. O foco está na possibilidade de uso indevido da máquina estatal e na obtenção clandestina de informações sensíveis.
Além disso, o procurador sugeriu que as investigações examinem potenciais conexões com uma estrutura paralela estabelecida na Abin e no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O inquérito, que revisita as alegações feitas por Moro anteriormente, relembra os eventos de 2020, quando o ex-ministro denunciou que Bolsonaro teria ferido a autonomia da Polícia Federal ao exigir a demissão do então diretor-geral, Maurício Valeixo, e ao tentar nomear um novo ocupante para o cargo.
É importante ressaltar que, no ano de 2020, a Polícia Federal havia concluído que não existiam evidências suficientes para imputar qualquer crime nem a Bolsonaro nem a Moro. No entanto, a decisão recente de Moraes marca um reinício das investigações, agora com o objetivo de esclarecer se houve, de fato, interferências indevidas, utilizando recursos públicos ou informações sigilosas. O desdobramento deste caso poderá ter implicações significativas para a política brasileira, à medida que revela as complexas interações entre instituições governamentais e a grave importância da transparência e da responsabilidade no exercício do poder.