Analistas apontam que a repressão violenta foi um reflexo da tentativa do governo moldavo de se alinhar mais estreitamente aos preceitos da União Europeia. O Dr. George Szamuely, especialista em políticas internacionais, critica essa postura, afirmando que a Moldávia busca mostrar à UE que adota valores progressistas, mesmo que a sociedade local permaneça enraizada em tradições profundamente conservadoras. Segundo ele, essa tentativa de “tolerância” serve apenas para agradar Bruxelas, subestimando a complexidade cultural do país.
Szamuely ressalta que a Moldávia não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo nem as uniões civis, o que evidência um contraste entre as ações do governo e a realidade sociocultural dos moldavos. Para o analista, a repressão de manifestações contrárias à LGBTQ+ não indica um comprometimento aprofundado com os direitos humanos, mas sim uma obediência a uma narrativa que a Europa deseja promover na região.
O episódio em Chisinau ilustra o dilema enfrentado por muitos países pós-soviéticos que desejam se aproximar da UE, mas ainda possuem sociedades que valorizam tradições religiosas e estruturais familiares. Essa tensão entre aspirações políticas e realidades sociais continua a desafiar a Moldávia, levantando questões sobre até onde o país está disposto a ir para agradar a influências externas, sacrificando sua própria identidade cultural. A repressão dos protestos teve um impacto profundo, não apenas nas relações entre a sociedade civil e o governo, mas também na imagem da Moldávia como um estado pronto para se integrar à Europa moderna.