Durante a abertura do painel, o ministro das Cidades, Jader Filho, delineou a dimensão do desafio. Dados apresentados indicam que cerca de 30 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água tratada e 90 milhões carecem de serviços adequados de coleta de esgoto. O quadro é alarmante, considerando que a legislação brasileira estipula a meta de universalizar o acesso à água potável e garantir que pelo menos 90% da população tenha acesso ao saneamento básico até 2033. Para alcançar este objetivo, estima-se que serão necessários investimentos na ordem de US$ 100 bilhões.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou números globais que colocam a questão em perspectiva. De acordo com informações da ONU, 2,2 bilhões de pessoas ao redor do mundo não têm acesso a água potável, e 3,5 bilhões carecem de serviços de saneamento básico. Esses números são um claro reflexo de desigualdades sociais que necessitam de uma abordagem global coordenada.
Durante seu discurso, Tebet enfatizou a necessidade de uma aliança entre o setor público, privado e a sociedade civil, ressaltando a importância de esforços conjuntos em nível nacional e internacional. “A falta de acesso à água, saneamento e higiene é uma das facetas mais visíveis da desigualdade social,” afirmou, destacando o papel central deste acesso para o desenvolvimento sustentável.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, acrescentou à discussão o fato de que o Brasil possui uma das maiores reservas de água potável do mundo, mas ainda enfrenta desafios significativos na distribuição e uso responsável desses recursos. Vieira defendeu a implementação de políticas públicas eficazes e investimentos robustos em infraestrutura, além de programas educativos para promover a conscientização sobre a importância e a preservação dos recursos hídricos.
A reunião também viu a divulgação de documentos já pactuados para a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, incluindo o Chamado à Ação do G20 sobre o Fortalecimento dos Serviços de Água Potável, Saneamento e Higiene. Esse documento apela para que os membros do G20 intensifiquem a cooperação técnica internacional nos serviços de água, saneamento e higiene (WASH).
A importância desta cooperação foi sublinhada, destacando que ela desempenha um papel catalisador na promoção da capacitação nos países em desenvolvimento, sustentabilidade e resiliência comunitária, equidade e inclusão na gestão dos recursos hídricos, além de enfrentar os impactos das mudanças climáticas e outros desafios ambientais e de saúde.
A programação do G20 no Rio de Janeiro continua até sexta-feira (26), com uma série de encontros de alto nível que abordam não apenas questões econômicas, mas também sociais, culminando no pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. As discussões desta semana são vistas como um passo crucial para mobilizar recursos e promover ações concretas em uma área crítica para o desenvolvimento humano e a sustentabilidade global.