Lorenzo, que ocupou cargos de destaque como ex-chefe de gabinete e ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça, manifestou suas considerações acerca da gestão de Anderson Torres. Durante sua fala, afirmou nunca ter escutado a palavra “golpe” ser mencionada em todo o período em que trabalhou sob a tutela de Torres. “Só ouço essa palavra na mídia”, declarou Lorenzo, enquanto respondia a uma pergunta do advogado de defesa, Rafael Viana, sobre a insatisfação em relação ao resultado das eleições de 2022.
O ex-assessor prosseguiu sua explanação, afirmando que, apesar do clima tenso após a derrota, a ideia de um golpe jamais foi contemplada. “Era um clima de velório, mas a transição estava estabelecida. A palavra ‘golpe’ não fazia parte das nossas discussões”, justificou. Sua insistência em reforçar que vivenciou os eventos do Ministério da Justiça e tinha conhecimento direto do que se passava foi interrompida por Moraes, que pediu para que Lorenzo se concentrasse nas perguntas pertinentes e não no que considerava irrelevante.
Além das considerações sobre a política interna do ministério, o depoimento trouxe à tona questões sensíveis, como uma suposta tentativa de blindar Torres de uma live com o ex-presidente Jair Bolsonaro, onde fraudes nas urnas eletrônicas seriam discutidas. Lorenzo relatou que, ao ser avisado da transmissão, tomou precauções para minimizar a exposição do então ministro e tentar redirecionar o foco da conversa para temas técnicos que não comprometessem sua imagem.
Esse depoimento, realizado em um ambiente pouco convencional, já que Lorenzo se apresentou vestindo roupas de academia e de dentro de um carro, é mais um capítulo no complexo caso que investiga possíveis tentativas de desestabilização da ordem democrática no país. O STF, que já ouviu testemunhas da acusação, ainda continua a reunir um extenso conjunto de evidências e depoimentos que deverão esclarecer os desdobramentos e as responsabilidades no contexto dessa investigação de grande relevância para o Brasil contemporâneo.
-
-
-
-
