Ministro do STF Alexandre de Moraes intimida Hospital das Clínicas de Botucatu a não fornecer dados de pacientes para Cremesp

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tomou uma medida restritiva em relação ao Hospital das Clínicas de Botucatu, ligado à Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (Unesp), após ter sido solicitado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) dados de pacientes que passaram por aborto legal. Essa intervenção do ministro, divulgada na última terça-feira (10/12), foi resultado de uma decisão anterior, datada de 3 de dezembro, que proibiu os hospitais do estado de São Paulo de fornecerem os prontuários médicos de mulheres submetidas a esse procedimento.

De acordo com Alexandre de Moraes, o Cremesp continuou pedindo informações ao Hospital das Clínicas de Botucatu mesmo após a determinação inicial, o que levou à nova intimidação. Em sua decisão, o ministro salientou que a proibição se estende a todos os estabelecimentos hospitalares do estado de São Paulo.

Essa proibição está inserida em uma ação movida pelo PSol no STF contra a Resolução 2.378/2024, do Conselho Federal de Medicina (CFM), que veta a assistolia fetal, um procedimento utilizado para interromper gravidezes acima de 22 semanas. Em maio deste ano, Alexandre de Moraes suspendeu essa resolução, alegando que ela restringia a prática do aborto nos casos previstos em lei, principalmente em situações de menores de idade vítimas de estupro.

O Cremesp, por sua vez, nega que a solicitação dos prontuários esteja relacionada à resolução que proíbe a assistolia fetal. Segundo o órgão, essa ação faz parte de um procedimento rotineiro de fiscalização da prática médica, denominado Operação Aborto Legal, para verificar a conformidade do atendimento prestado às pacientes que utilizam o programa. O Cremesp ressalta que essa verificação dos prontuários é amparada pela legislação vigente e não se trata de identificar os pacientes, mas sim de analisar a atividade médica e hospitalar.

Portanto, a atuação do ministro Alexandre de Moraes visa garantir a proteção e privacidade dos pacientes que precisaram recorrer ao aborto legal, enquanto o Cremesp argumenta que sua ação faz parte de uma fiscalização regular da prática médica nos hospitais públicos. Esse embate jurídico coloca em evidência a delicada questão do direito à saúde e à autonomia reprodutiva das mulheres no Brasil.

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