Ministro das Relações Exteriores do Brasil e secretário de Estado dos EUA evitam temas sensíveis em reunião bilaterais e buscam reaproximação diplomática.

Na última quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, encontrou-se em Washington com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. No entanto, a agenda do encontro não incluiu discussões sobre o Brics nem sobre a proposta de reduzir a dependência do dólar nas transações comerciais, um assunto defendido pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Interlocutores do governo brasileiro afirmam que esses temas, considerados delicados por parte da administração americana, foram intencionalmente deixados de lado, especialmente em um contexto onde o ex-presidente Donald Trump expressou desconforto com as alternativas ao dólar e ameaçou elevar tarifas sobre países que tentassem diminuir o poder da moeda americana.

O foco principal da reunião esteve nas relações econômicas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Este encontro é visto como um passo significativo na reaproximação dos dois países, após um período marcado por tensões diplomáticas. O resultado da conversação foi relatado ao presidente Lula pelo próprio Mauro Vieira na sequência da reunião.

Outro aspecto relevante discutido foi a preparação para a tão aguardada reunião entre Lula e Trump. Embora não haja uma data confirmada, há a expectativa de que o encontro ocorra durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), programada para o fim deste mês na Malásia. O governo brasileiro já identificou pelo menos três janelas de oportunidade para esses diálogos até o final do ano.

Participantes do governo brasileiro mencionaram que, caso a reunião não se concretize na Malásia, outras oportunidades surgirão entre 11 e 19 de novembro, ou durante a Cúpula das Américas, que ocorrerá em dezembro na República Dominicana. Contudo, é importante destacar que a presença do Brasil na cúpula está sob avaliação, devido à decisão do país anfitrião de não convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua — uma medida criticada como um retrocesso na política hemisférica.

Durante o encontro com Rubio, Vieira solicitou a suspensão das tarifas que incidem sobre produtos brasileiros enquanto as negociações comerciais estiverem em andamento. Esta solicitação, que já havia sido feita por Lula em uma conversa telefônica com Trump, ganhou um novo contorno na reunião, onde a troca de ideias foi considerada exploratória, buscando estabelecer novas bases para o diálogo bilateral.

Tanto a Seção 301 do comércio americano, que investiga práticas comerciais do Brasil, quanto questões diplomáticas mais amplas foram discutidas. O clima do encontro foi descrito como construtivo, embora permeado de cautela, refletindo a necessidade de avançar nas relações após meses complicados.

Diplomatas brasileiros acreditam que este encontro marca uma etapa inicial, mas significativa, rumo à reconstrução das relações entre Brasília e Washington. O objetivo é que, por meio de encontros técnicos e negociações, se estabeleçam novas condições que permitam não apenas a revisão das tarifas, mas também a resolução de outras questões mais complexas da relação bilateral. A esperança é que essa reaproximação possa abrir caminhos para novas medidas e aliviar tensões que historicamente dificultaram o relacionamento entre as duas nações.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo