Um dos pontos mais sensíveis abordados foi o voto de Barroso que resultou na prisão de Lula em 2018. O ministro não hesitou em afirmar que não se arrepende de sua decisão, sublinhando que este ato não estava pessoalmente relacionado ao ex-presidente. “Foi um momento doloroso, mas participei de uma decisão que era necessária, seguindo a jurisprudência que eu mesmo ajudei a desenvolver. É um dever de integridade que cabe a um juiz”, declarou. Ele salientou que, na época, não havia os questionamentos que surgiram posteriormente sobre a condução da Lava Jato.
Barroso destacou que, embora a operação tenha exposto práticas corruptas na política e nos negócios brasileiros, também se deixou levar por um excesso de confiança que acabou por politizá-la. Ele enfatizou que, em determinado estágio, os procuradores envolvidos passaram a se sentir indestrutíveis. “Na vida real, quando se acredita demais em uma ilusão, a queda é inevitável”, ponderou.
Ao final da entrevista, Barroso expressou sua esperança de que Lula consiga compreender sua posição, ressaltando que sempre atuou dentro dos limites legais. “Sempre tive a esperança de que o presidente entendesse que eu cumpri honestamente o meu dever”, concluiu o ministro, evidenciando a complexidade de seu papel no cenário político e judicial do Brasil.