Ministro Barroso fala sobre relação com Lula e pondera: ‘Meu voto na prisão foi um dever de integridade, não um arrependimento’

O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma entrevista onde abordou temas delicados sobre sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e suas decisões durante a Operação Lava Jato, um marco polêmico na justiça brasileira. Durante a conversa, Barroso recordou sua primeira interação com Lula, que ocorreu logo após as eleições presidenciais de 2002, quando o ex-presidente visitou sua casa. Ele comentou sobre a carisma do petista: “O presidente possui uma capacidade de convencimento que é fruto de sua autenticidade. Minha sogra, que não era fã dele, se tornou uma admiradora em apenas dez minutos de conversa”, revelou.

Um dos pontos mais sensíveis abordados foi o voto de Barroso que resultou na prisão de Lula em 2018. O ministro não hesitou em afirmar que não se arrepende de sua decisão, sublinhando que este ato não estava pessoalmente relacionado ao ex-presidente. “Foi um momento doloroso, mas participei de uma decisão que era necessária, seguindo a jurisprudência que eu mesmo ajudei a desenvolver. É um dever de integridade que cabe a um juiz”, declarou. Ele salientou que, na época, não havia os questionamentos que surgiram posteriormente sobre a condução da Lava Jato.

Barroso destacou que, embora a operação tenha exposto práticas corruptas na política e nos negócios brasileiros, também se deixou levar por um excesso de confiança que acabou por politizá-la. Ele enfatizou que, em determinado estágio, os procuradores envolvidos passaram a se sentir indestrutíveis. “Na vida real, quando se acredita demais em uma ilusão, a queda é inevitável”, ponderou.

Ao final da entrevista, Barroso expressou sua esperança de que Lula consiga compreender sua posição, ressaltando que sempre atuou dentro dos limites legais. “Sempre tive a esperança de que o presidente entendesse que eu cumpri honestamente o meu dever”, concluiu o ministro, evidenciando a complexidade de seu papel no cenário político e judicial do Brasil.

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