Os ministros do STF ficaram insatisfeitos com o posicionamento da ministra e alguns chegaram a procurar auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para expressar a sua contrariedade. A fala de Hoffmann foi vista como uma possível interferência no Judiciário, o que gerou preocupação entre os membros da Corte.
De acordo com informações de bastidores, pelo menos três ministros do STF reagiram negativamente e procuraram o entorno do presidente Lula para manifestar sua insatisfação. Um dos magistrados chegou a classificar a declaração de Hoffmann como um “suicídio político” e alertou para as possíveis consequências de um avanço no projeto de anistia proposto.
Alguns ministros sinalizaram que pretendem tratar diretamente do assunto com o presidente Lula. Em resposta, assessores do Planalto tentaram amenizar a situação, afirmando que Hoffmann teria sido mal interpretada e que o presidente não apoia a revisão de penas dos condenados dos atos do 8 de Janeiro.
Dentro do governo, interlocutores atribuíram a fala de Hoffmann a uma possível pressão por parte do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, que estaria buscando apoio para atenuar a resistência ao projeto de anistia entre os parlamentares da base.
A discussão sobre o projeto de anistia ganhou força recentemente, após o líder do PL na Câmara anunciar a coleta das 257 assinaturas necessárias para a votação do requerimento de urgência da proposta. Se aprovado, o texto poderá ser levado diretamente ao plenário da Casa.
Após a repercussão da sua declaração, Gleisi Hoffmann se pronunciou novamente nas redes sociais, reforçando que qualquer revisão de pena deve ser competência exclusiva do STF e que o debate sobre o assunto pode ser feito na sociedade e no Congresso, desde que não interfira na autonomia do Poder Judiciário. Ela também reiterou sua crítica ao projeto de anistia, argumentando que a proposta atual busca absolver os principais articuladores do ataque à democracia.