A jovem ativista Olivia Rafetison, conhecida por seu papel de destaque no movimento, expressou entusiasmo com o apoio militar, sinalizando um sentimento de esperança após semanas de repressão. No entanto, suas palavras também trazem à tona uma preocupação genuína: a possibilidade de que, sob um governo militar, o país mantenha ciclos repetitivos de gestão incapaz de trazer mudanças reais. Para Rafetison, o objetivo não é apenas a troca de líderes, mas uma transformação estrutural que responda às necessidades profundas da população.
Randrianirina, em sua nova função, prometeu um governo militar com uma fase de participação civil que deve durar até dois anos, quando novas eleições estão previstas. Contudo, essa promessa suscita incertezas entre os jovens, especialmente após um encontro entre o novo líder e representantes do movimento, que terminou de forma inconclusiva, sem garantir um compromisso firme com as pautas exigidas.
A realidade em Madagascar é preocupante: com uma média de idade de apenas 19 anos entre a população jovem, as expectativas em relação à liderança têm sido frustradas repetidamente. Já sob a liderança de Rajeolina, que chegou ao poder através de um golpe há 16 anos, o país viu seu PIB per capita cair drasticamente, refletindo décadas de ineficiência administrativa e descontentamento social.
Nas ruas da capital, Antananarivo, a pobreza e a informalidade se tornaram marcas visíveis dessa crise, levando parte da Geração Z a questionar se o novo regime militar realmente representará uma mudança ou mais um esquema para preservar os interesses do establishment. O grupo Gen-Z Tonga Saina, que conta com cerca de 18 mil membros, ressoa essa desconfiança ao afirmar que as forças armadas tendem a proteger os interesses do sistema, em vez do povo.
Diante desse cenário, Tolotra Andrianirina, porta-voz da campanha Gen Z, reafirma que, apesar das dificuldades, a esperança permanece viva. No entanto, o movimento não hesitará em voltar às ruas se suas demandas não forem atendidas. A promessa de renovação ressoa entre os jovens, que já demonstraram sua capacidade de mobilização ao longo dessas semanas de protesto. O futuro de Madagascar, portanto, permanece incerto, mas a determinação da juventude é inegável.