Conforme apontado em matéria pelo Metrópoles, as ações dos policiais foram flagradas por câmeras e grampos que mostraram a associação dos agentes a cooperativas e sindicatos para extorquir os comerciantes da região. A investigação foi conduzida de forma conjunta pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
Em dezembro do ano passado, uma operação foi deflagrada e resultou no cumprimento de mandados de busca contra 15 pessoas, levando à prisão de 9 envolvidos. Dentre os alvos estavam três PMs da ativa, três reformados e uma escrivã da Polícia Civil, todos denunciados por formarem a milícia em colaboração com as cooperativas e sindicatos investigados.
A milícia é acusada de exigir pagamentos que variavam de R$ 15 mil por ano a até R$ 400 por mês dos ambulantes. Caso as vítimas deixassem de efetuar os pagamentos, eram encaminhadas pelos policiais aos agiotas, que cobravam juros de 20% ao mês. Um dos policiais, inclusive, atuava cobrando as dívidas dos vendedores com os agiotas para quitar a extorsão.
Uma das testemunhas protegidas relatou casos de violência, como agressões físicas e ameaças armadas, praticadas contra os comerciantes que se recusavam a pagar o valor exigido pela milícia. Além disso, imagens de câmeras de segurança mostraram policiais circulando pela região do Brás de forma intimidadora.
A investigação apontou que a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais do Comércio Solidário do Brás (CoopsBrás) servia como fachada para as práticas criminosas, sendo usada para pressionar os comerciantes estrangeiros em situação irregular a pagarem taxas para trabalhar nas ruas do bairro. Quando os devedores não quitavam as dívidas, os mesmos policiais da milícia eram contratados pelos agiotas para cobrar os valores emprestados.
A denúncia do Gaeco destaca a exploração da informalidade do comércio e a presença de imigrantes em situação irregular como ferramentas de submissão das vítimas às organizações criminosas atuantes na região, que contavam com a participação de policiais. A defesa dos acusados não foi localizada até o momento.
Diante dos graves fatos apresentados pela investigação, é fundamental que as autoridades competentes atuem de forma rigorosa para coibir a atuação dessas milícias criminosas, garantindo a segurança e a integridade dos comerciantes do Brás e de toda a população da região central de São Paulo.