Milei busca auxílio financeiro em Washington com Trump enquanto Argentina enfrenta crise cambial e incertezas econômicas antes das eleições legislativas.

Durante uma visita a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente argentino Javier Milei se reunirá com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com o secretário do Tesouro, Scott Bessent. O encontro ocorre em um momento crítico para a economia argentina, marcada por uma crescente pressão cambial e instabilidade financeira. A principal meta da reunião é assegurar um suporte financeiro que possa proporcionar “oxigênio” ao governo Milei, que enfrentará eleições em breve.

Bessent sinalizou que os Estados Unidos estão dispostos a explorar diversas opções para ajudar a Argentina, incluindo swaps monetários, compras diretas de dólares ou a aquisição de dívida argentina em moeda forte. Esse tipo de assistência seria um movimento incomum na atual relação entre os dois países e representaria um salvavidas financeiro significativo.

Nos últimos dias, o Banco Central argentino teve que vender mais de 1,1 bilhão de dólares de suas reservas já reduzidas, na tentativa de evitar que a cotação do dólar ultrapassasse o teto estabelecido com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O impacto dessa perda se refletiu em uma queda acentuada nos mercados, aumentando o Risco País a mais de 1.500 pontos, o maior nível em um ano.

Em uma tentativa de obter divisas adicionais, a Casa Rosada suspendeu temporariamente os impostos sobre as exportações agrícolas, uma medida que tem sido criticada como eleitoreira, já que terminará apenas cinco dias após as eleições legislativas. Essa decisão contrasta com cortes em áreas essenciais, como saúde e educação, e levanta questões sobre a viabilidade das políticas fiscais do governo.

Além de buscar apoio do Tesouro dos EUA, o governo enfrenta uma situação política complicada, com perdas no Congresso e oposição crescente. Com reservas líquidas negativas que ultrapassam 7,5 bilhões de dólares, a Argentina está em uma posição delicada, dependente de financiamento externo para enfrentar uma dívida de 8,5 bilhões de dólares que vencerá em 2026.

Analistas alertam que, enquanto o apoio dos EUA pode oferecer uma solução temporária, as concessões necessárias para garantir esse financiamento podem ter repercussões fiscais duradouras para o país. A importância geopolítica da Argentina para os Estados Unidos é notável, mas a relação pode se deteriorar rapidamente caso os interesses de Washington sejam comprometidos.

Os desafios enfrentados por Milei são muitos e abrangem não apenas a esfera econômica, mas também a política interna, levando economistas a questionarem a sustentabilidade de suas estratégias à medida que o país avança para um futuro incerto.

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