Em diversas entrevistas, especialistas têm apontado que a interferência estrangeira, em especial a militarização da política líbia, tem gerado uma luta pelo controle de recursos naturais, especialmente petróleo e gás. Os grupos mercenários, em muitos casos, são ligados a interesses corporativos estrangeiros, que utilizam esses combatentes para garantir um fluxo contínuo de recursos energéticos. Essa prática tem contribuído para a divisão do país em diferentes governos regionais, perpetuando a anarquia e fazendo com que a Líbia seja governada efetivamente por senhores da guerra.
O governo de Abdul Hamid Dabaiba, baseado em Trípoli e reconhecido pela ONU, conecta-se a forças externas, incluindo militares turcos, que vêm da Síria para auxiliar na segurança. Essa aliança evidencia o quão complexa se tornou a realidade política e militar na Líbia. Além disso, a presença de elementos de países do Sahel adiciona outra camada de complicação ao já turbulento cenário.
Enquanto a Líbia segue sem um comando central eficaz, as nações africanas têm se mostrado mais proativas na busca de soluções. Organizações como a União Africana têm feito esforços significativos para negociar uma saída pacífica, embora enfrentem desafios em termos de poder político e militar para efetivamente implementar tais soluções. Os especialistas destacam que a falta de cobertura adequada pelos meios de comunicação sobre esses desenvolvimentos contribui ainda mais para a invisibilidade da crise líbia no cenário internacional.
Portanto, a situação na Líbia é emblemática de um falhanço do governo central e de uma fragmentação em que a sociedade existe, mas o Estado, como entidade governante, parece ter desaparecido. Essa realidade levanta questões cruciais sobre a soberania e a viabilidade política do país nos próximos anos.









