Mercado busca aumentar inflação para impor aumento de juros, apontam economistas em entrevista à Sputnik Brasil. Previsões pessimistas sobre a economia influenciam agenda do governo.

Recentemente, economistas alertaram para a possibilidade de uma recessão técnica no segundo semestre deste ano, apesar do bom desempenho da economia brasileira, que cresceu 2,9% em 2023 e tem previsão de alta de 3,5% em 2024. Instituições financeiras como Bradesco, Banco BV, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura e Tendências apontaram como fatores de pressão na atividade econômica os juros altos, a retração do consumo e as incertezas fiscais.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista Fábio Sobral, da Universidade Federal do Ceará (UFC), explicou que a recessão técnica ocorre quando há dois trimestres consecutivos de queda no PIB. Sobral também apontou para os interesses do mercado em relação à inflação e à situação econômica do país. Ele destacou que há um interesse em fazer a inflação subir para justificar aumentos de juros pelo Banco Central, o que beneficia especuladores financeiros. Além disso, Sobral mencionou que o mercado financeiro deseja agravar a situação econômica para enfraquecer o governo.

Outro economista, Pedro Faria, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com doutorado pela Universidade de Cambridge, ressaltou que o mercado interfere na agenda econômica ao divulgar previsões pessimistas em momentos estratégicos, visando impor sua visão e influenciar decisões. Faria enfatizou que o mercado financeiro busca seus próprios interesses, conflitando muitas vezes com os interesses dos trabalhadores e de outras frações do capital.

A análise de Faria aponta que o governo e o Banco Central estão adotando medidas equivocadas, como aumento de juros e redução de gastos, que podem prejudicar o crescimento econômico e a qualidade dos empregos. Ele ressaltou a importância de manter um crescimento sustentável, sem sacrificar a economia em prol do combate à inflação. Em sua visão, é fundamental que o governo adote políticas que estimulem o crescimento e a qualificação da mão de obra, em vez de sacrificar a economia em nome de medidas recessivas.

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