A Câmara Municipal de Maceió aprovou, nesta terça-quinta (27), o requerimento do vereador Allan Pierre (MDB) para a realização de uma audiência pública que irá discutir os impactos ambientais e urbanísticos da proposta de construção de cinco megatorres de 15 andares no entorno da Lagoa da Anta, na Jatiúca. O debate, agendado para o dia 17 de março, visa aprofundar a análise sobre os potenciais danos ao ecossistema local e as consequências para a mobilidade urbana da capital.
A audiência será um espaço aberto para representantes do poder público, entidades ambientais, setor imobiliário e sociedade civil. O objetivo é avaliar os riscos de um empreendimento que prevê a transformação da área cedida ao Hotel Jatiúca em um complexo residencial de alto padrão.
Entre os convidados para o evento estão a Prefeitura de Maceió, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), o Ibama, o Ministério Público e representantes do setor da construção civil.
O vereador Allan Pierre ressaltou a importância da Lagoa da Anta como patrimônio natural da cidade e alertou para a necessidade de um debate amplo e transparente sobre qualquer intervenção na área. “A Lagoa da Anta é um dos últimos resquícios naturais da nossa cidade e não podemos permitir que o desenvolvimento urbano avance sem um planejamento sustentável. Precisamos garantir que esse projeto não comprometa a biodiversidade, o equilíbrio ecológico e o direito da população de usufruir do espaço público”, afirmou.
A polêmica sobre o projeto aumentou nos últimos meses, principalmente pela falta de um debate sobre o impacto ambiental da construção de espigões em um dos últimos ecossistemas preservados da capital. Outro ponto de preocupação é a defasagem do Plano Diretor de Maceió, que não é atualizado há 20 anos. Ambientalistas e urbanistas apontam os riscos da verticalização da região, como a impermeabilização do solo, o aumento do trânsito e os danos ao lençol freático.
O CONTRATO
O projeto de construção das cinco megatorres foi fechado entre a Record Construtora e o Grupo Lundgren, por meio de um contrato de gaveta. O Valor Geral de Vendas (VGV) do empreendimento – que representa o faturamento total das unidades a serem comercializadas – ultrapassa R$ 1,5 bilhão, conforme estimativas do mercado imobiliário, que inclui profissionais de Alagoas e de outros estados do Nordeste.
Fontes próximas à negociação confirmaram à Gazeta que a Record já desembolsou R$ 10 milhões ao Grupo Lundgren como pagamento inicial. As negociações, mantidas em sigilo, foram retomadas após o período eleitoral. Hélio Abreu, sócio da Record Construtora, confirmou a negociação e informou que o contrato também prevê a absorção de uma dívida de R$ 260 milhões do Grupo Lundgren junto a instituições financeiras.
Além do pagamento inicial e da dívida, os termos contratuais envolvem um adicional de R$ 260 milhões, totalizando R$ 520 milhões. Este valor corresponde a uma taxa de valorização de 35%, devido à incorporação da área ao projeto.