Os auditores identificaram irregularidades em mais de mil postos de combustíveis distribuídos em dez estados brasileiros, incluindo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O modo de operação desses locais era alarmante: a maioria dos estabelecimentos recebia pagamentos em dinheiro ou através de máquinas de cartão, que serviam como canais para transferir capital ilegalmente por meio de contas bancárias, numa complexa rede de lavagem de dinheiro.
A Receita detalhou ainda que uma fintech atuava como um “banco paralelo” para a organização, com um fluxo financeiro superior a R$ 46 bilhões nesse mesmo período. A fintech em questão recebia grandes quantidades de depósitos em espécie, um procedimento atípico para instituições desse tipo, que geralmente operam apenas com dinheiro digital. Entre 2022 e 2023, foram contabilizados mais de 10,9 mil depósitos em dinheiro, totalizando cerca de R$ 61 milhões.
Os recursos provenientes de atividades ilícitas eram reinvestidos em uma vasta gama de bens, desde propriedades até ativos financeiros, garantindo à organização uma fachada de legitimidade. O esquema incluiu a aquisição de um terminal portuário, usinas de álcool, caminhões para transporte e imóveis de alto valor, como fazendas em São Paulo e uma casa em Trancoso, na Bahia.
Cerca de 350 mandados de busca e apreensão foram cumpridos durante a operação em oito estados diferentes, visando não apenas indivíduos, mas também pessoas jurídicas ligadas ao crime organizado. A ação teve como objetivo desmantelar o intrincado esquema de fraudes e lavagem de dinheiro que permeia a cadeia de combustíveis, desde a importação até a venda final ao consumidor.
Além da operação, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) também anunciou ações judiciais para bloquear mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, garantindo o ressarcimento de créditos tributários. Essa ação representa um passo significativo na luta contra a criminalidade financeira no Brasil.