No ano anterior, o Brasil registrou um gasto próximo a US$ 10 bilhões em importações na área médica, incluindo dispositivos cirúrgicos, reagentes para diagnósticos e equipamentos diversos. A maior parte desses produtos é originária dos Estados Unidos, o que levanta preocupações sobre os efeitos potenciais de uma guerra tarifária.
Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira de Indústria de Dispositivos Médicos, expressou sua preocupação em relação às opções que o Brasil pode considerar como substitutas para os produtos americanos, citando países como China, Índia e Turquia. Fraccaro ressaltou que, caso o Brasil opte por uma política de reciprocidade, isso poderá resultar em um aumento de cerca de 30% nos preços dos produtos importados, impactando diretamente o consumidor final.
Além disso, o Brasil importa uma gama significativa de medicamentos patenteados, particularmente aqueles de alta tecnologia e que tratam de doenças raras. Com os Estados Unidos como um dos principais fornecedores, uma guerra tarifária poderia tornar esses medicamentos ainda mais inacessíveis.
No primeiro semestre deste ano, as importações de medicamentos e produtos farmacêuticos alcançaram US$ 4,3 bilhões, apresentando um crescimento de 10% em relação ao mesmo período de 2022. A União Europeia permanece como o maior fornecedor, representando cerca de 60% do total, enquanto Alemanha e Estados Unidos dividem aproximadamente 15% cada.
Enquanto isso, a produção de medicamentos genéricos no Brasil é robusta, embora a dependência de insumos farmacêuticos provenientes da China seja significativa, contabilizando 95% das matérias-primas necessárias. Norberto Prestes, presidente-executivo da Associação Brasileira de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), defende um investimento mais forte em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Ele acredita que, com a retenção de talentos nacionais e uma abordagem mais voltada para a inovação, o país pode aumentar sua soberania na área da saúde, enfrentando melhor os desafios do cenário internacional.