COP30: Marina Silva Critica Aumento Abusivo dos Preços de Hospedagem em Belém
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez declarações contundentes sobre o aumento exorbitante dos preços de hospedagem em Belém, cidade que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Durante uma coletiva de imprensa na 23ª Feira Literária de Paraty, no Rio de Janeiro, Marina descreveu os preços inflacionados como um “verdadeiro achaque”, ressaltando que não é aceitável que países que se preocupam com sua sobrevivência financeira não consigam participar do evento devido a custos abusivos.
Com a conferência se aproximando rapidamente — prevista para acontecer em menos de 100 dias —, diversas delegações de países, especialmente das nações menos desenvolvidas e de pequenos Estados insulares, já manifestaram sua preocupação ao Itamaraty em relação à dificuldade de encontrar hospedagens e aos altos preços cobrados pela rede hoteleira. O descontentamento foi tão significativo que representantes de 25 nações enviaram uma carta ao governo brasileiro sugerindo a mudança da cidade-sede.
Marina Silva destacou que “existe uma ética comercial” e que o aumento da demanda por acomodações não justifica os aumentos de preços, que chegaram a alcançar até dez vezes os valores praticados anteriormente. Ela reiterou que esforços estão sendo feitos para assegurar que a conferência permaneça em Belém, onde quase 45 mil participantes são esperados, incluindo autoridades e representantes de organizações não governamentais.
A Secretaria Extraordinária da COP30 anunciou que 2,5 mil quartos foram disponibilizados para as delegações, com tarifas variando entre US$ 100 (cerca de R$ 554) e US$ 200 (R$ 1,1 mil). Para outros países, tarifas mais altas têm sido aplicadas, gerando ainda mais controvérsia. Além disso, foi anunciado que dois navios de cruzeiro serão utilizados como hotéis temporários, acrescentando aproximadamente 6 mil leitos à capacidade de acomodação.
Apesar das reclamações, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, descartou a ideia de um plano B, reafirmando a escolha de Belém como sede do evento. Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a capital paraense como a sede da COP30 em janeiro de 2023, a cidade tem enfrentado questionamentos sobre sua capacidade logística para receber um evento de tamanha magnitude. Com a necessidade de expandir os 18 mil leitos atualmente disponíveis, o Brasil se vê diante do desafio de equilibrar a ética comercial com a urgência climática que a conferência busca abordar.
Este evento não é apenas uma oportunidade para discutir soluções para as mudanças climáticas, mas também um teste para a hospitalidade brasileira e a infraestrutura da região. A pressão para garantir condições acessíveis leva a um debate amplo sobre a igualdade de oportunidades para todas as nações, independentemente de seu desenvolvimento econômico.