Gravado no coração do Rio de Janeiro, “Buarqueana” é o resultado de um esforço colaborativo meticuloso que envolveu uma pesquisa aprofundada sobre o repertório de Buarque, aliado ao extremo cuidado nas traduções. Este processo não seria completo sem a participação e a orientação do próprio Chico Buarque, que, mesmo aos 81 anos, continua a influenciar e inspirar artistas ao redor do mundo. Ele se juntou a De Vito em duas das quinze faixas do disco, contribuindo com sua voz e sabedoria.
Maria Pia De Vito expressou o quão essencial foi a presença de Buarque ao longo dos últimos 15 anos. Segundo a artista, a relação construída por meio de correspondências e encontros foi fundamental para a criação desse álbum. “A presença de Chico sempre foi uma fonte de inspiração, sugerindo imagens e improvisando soluções que, surpreendentemente, ele acertava com maestria, até mesmo no dialeto napolitano”, afirmou.
Além disso, a cantora ressaltou o amor de Buarque pelo italiano e pela música napolitana, afirmando que essa conexão profunda elevou a tradução a um nível excepcional, permitindo que cada palavra do álbum fosse esculpida com precisão e carinho.
“Buarqueana” chega ao público sete anos após o lançamento de “Core (Coração)”, um disco anterior que também homenageava a música brasileira ao traduzir obras-primas para o mesmo dialeto. Com essa nova empreitada, De Vito já demonstra um forte elo com a herança musical brasileira, tornando-a uma das vozes mais autênticas na ponte entre culturas.
O álbum se inicia com a canção “Uma Palavra”, que encapsula o tema central da obra de Buarque — a importância das palavras como ferramenta de comunicação, preservação da memória e expressão da identidade, temas que reverberam tanto nas tradições napolitanas quanto nas brasileiras. Com “Buarqueana”, Maria Pia De Vito se afirma não apenas como intérprete, mas como um elo vital entre diferentes heranças culturais, reforçando o poder da música como um meio de conexão e compreensão.
