Marco Nanini: A Arte de Envelhecer com Humor e Coragem

Marco Nanini, ícone do teatro e da televisão brasileira, revela-se muito mais do que um ator renomado ao longo de sua trajetória. Com 77 anos e 63 de carreira, ele mantém uma paixão e uma intensidade que o tornam um dos grandes nomes das artes cênicas do país. Sua jornada teve início em um pequeno palco nos fundos de uma igreja em Manaus, onde, diante de uma plateia de apenas dez pessoas, experimentou pela primeira vez a emoção do atuar.

Recentemente, Nanini participou de uma sessão de fotos em São Paulo, um trabalho que foi elaborado em colaboração com o fotógrafo Pedro Pedreira e a maquiadora Vanessa Rozan. Mesmo fora dos palcos, ele já tem um personagem em mente para cada momento, revelando um olhar afiado e um desejo de expressar a genuinidade de sua arte. Este espírito exploratório é uma extensão de seu trabalho na peça "Traidor", em cartaz até o dia 22 de junho no Teatro Moise Safra, que aborda a fragmentação da vida moderna.

Além de seus projetos artísticos, o ator se prepara para sua primeira participação na Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, cuja temática deste ano é "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro". "Decidi ir pelo tema que toca questões fundamentais", afirma. A atuação em ambientes que promovem a luta pelos direitos LGBT+ reflete um amadurecimento em sua visão e a importância de se posicionar em relação a essa luta.

Nanini fez sua revelação pública sobre sua sexualidade em 2011, um momento que pegou muitos fãs de surpresa. Ele, que sempre conduziu sua vida pessoal de maneira discreta, explicou que nunca escondeu quem é, mas a complexidade do tema fez com que muitos não percebessem. Num tom bem-humorado, ele aborda a vida, a morte e envelhecer com a leveza de quem sabe que cada ruga é um sinal de vida.

Refletindo sobre sua infância em Recife e Manaus, o ator caracteriza essas experiências como fundamentais para seu desenvolvimento artístico, observando a natureza ao seu redor e as personalidades que cruzavam seu caminho. "Acredito que a observação foi a chave", diz ele, nostalgicamente, enquanto recorda sua primeira peça de teatro infantil, um momento que o marcou profundamente.

Nanini também oferece ensinamentos sobre amizade, saúde mental e a importância de reconhecer a vaidade e seus perigos. Ele acredita que o que dá sentido à vida é a conexão com os amigos e a criatividade constante em seu trabalho. Ao encarar a passagem do tempo, ele se compromete a viver com autenticidade, celebrando frutos de uma vida bem vivida. "A vida é um trilho", reflete, demonstrando um olhar otimista e um profundo respeito pela trajetória que já percorreu.