Marcha histórica contra partido de extrema-direita mobiliza 1,4 milhão na Alemanha

As ruas de cidades alemãs foram novamente tomadas por centenas de milhares de pessoas neste domingo, em um protesto sem precedentes contra o partido de ultradireita AfD (Alternativa para a Alemanha). Os atos aconteceram pelo terceiro dia consecutivo e reuniram mais de 1,4 milhão de manifestantes em todo o país, de acordo com a organização Friday for Future e a aliança cidadã Campact, que estão entre os organizadores do movimento.

Em Berlim, milhares de manifestantes se reuniram na esplanada do Palácio do Reichstag, o Parlamento alemão, com cartazes com mensagens como “Fora, nazistas” e “Nunca mais, este é o momento”. Também houve demonstrações em cerca de 40 cidades alemãs, com participação expressiva em locais como Munique, Dresden, Colônia e Bremen.

As manifestações foram motivadas pela revelação de que membros da AfD discutiram planos de deportação em uma reunião de extremistas em novembro do ano passado, o que gerou repúdio por parte da população e mobilizou diversos setores da sociedade. Políticos, representantes religiosos e treinadores de futebol fizeram um apelo à população para que se mobilizasse contra o partido.

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, destacou o papel dos manifestantes em defender a república e a Constituição contra os inimigos, afirmando que eles “nos encorajam”. A alta participação nas manifestações, especialmente em Halle, foi vista como um forte sinal contra o extremismo de direita e a favor da coexistência democrática.

Os protestos eclodiram após a organização de jornalismo investigativo Correctiv revelar, em 10 de janeiro, que em uma reunião secreta realizada em novembro, extremistas de direita discutiram um projeto de expulsão em massa de imigrantes, solicitantes de asilo e cidadãos alemães “não assimilados”. Diversos membros da AfD, neonazistas e empresários compareceram ao evento, o que gerou comparações com a conferência de Wannsee em 1942, na qual o regime nazista planejou o extermínio dos judeus europeus.

O alto índice de adesão às manifestações reflete a forte oposição da população ao avanço da extrema direita no país, que ameaça a memória histórica e a coexistência democrática na Alemanha. Com eleições ao Parlamento Europeu à vista, a ascensão da AfD põe em risco a estabilidade política na região, além de representar um desafio para as instituições democráticas do país.

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