Manobrista é arremessado de ponte por policial militar e presta depoimento; PM é preso preventivamente e pode responder por crimes.

Na tarde desta sexta-feira, 6, o manobrista de 25 anos que foi arremessado do alto de uma ponte por um policial militar prestou depoimento na 2ª Delegacia Seccional da Polícia Civil, localizada na região do Brooklin, zona sul de São Paulo. O jovem, identificado como Marcelo, descreveu o terrível episódio que aconteceu no início da semana na região de Cidade Ademar.

Segundo o relato de Marcelo, antes de jogá-lo da ponte, o soldado teria dito as ameaçadoras palavras: “Ou você pula ou jogo você”. O policial responsável pela agressão, identificado como PM Luan Felipe Alves Pereira, foi preso preventivamente após solicitação da Corregedoria da corporação. Ele enfrenta acusações de lesão corporal, peculato e prevaricação.

A defesa de Pereira alegou que entrará com um pedido de habeas corpus em breve, criticando a prisão preventiva como uma “antecipação de pena travestida”. Marcelo, que é manobrista na região dos Jardins e da Avenida Paulista, contou em seu depoimento à Polícia Civil que estava voltando da casa da namorada de moto quando se deparou com um grupo de policiais nas proximidades da ponte.

O incidente, que envolveu 13 policiais do 24.º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Diadema, chocou a todos e resultou no afastamento de todos os agentes devido às imagens que circularam nas redes sociais. Marcelo afirmou que, ao avistar os PMs, se assustou e decidiu sair de sua moto, uma Titan 160 prata. Foi então que ele foi agarrado pelo policial Pereira e levado até a beirada da ponte, onde foi brutalmente jogado.

Após ser resgatado por pessoas em situação de rua e levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para tratamento de seus ferimentos, Marcelo teme represálias e optou por se manter recluso temporariamente. O relato do manobrista contradiz algumas informações descritas pelos policiais no registro interno da Polícia Militar, alegando que estava sozinho na moto e não havia perseguição.

Diante da gravidade do incidente, autoridades como o governador estadual Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, repudiaram veementemente a conduta dos policiais envolvidos. O Ministério Público do Estado (MP-SP) classificou o caso como “inadmissível” e iniciou uma investigação, enquanto a Polícia Civil e a Justiça Militar também conduzem suas próprias apurações sobre o ocorrido. Medidas para revisão dos protocolos da PM foram discutidas, mas o afastamento de Derrite do cargo foi descartado pelo governador.

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