“Malês” reconta a Revolta dos Malês, um insurreição ocorrida em Salvador em 1835, considerada a maior rebelião de escravizados registrada no Brasil. Este evento significativo foi protagonizado por homens e mulheres africanos, muitos deles muçulmanos e alfabetizados, que tomaram as ruas em um ato de coragem e resistência. Sua luta tinha um intuito claro: afirmar que a escravidão não era uma condição a ser aceita passivamente. Apesar da dura repressão e das punições brutais que sofreram, a revolta evidencia que a liberdade é uma conquista, não um presente.
Entretanto, a história da Revolta dos Malês permanece amplamente ignorada nas salas de aula de diversas regiões do Brasil, especialmente no Sul e Sudeste. Essa invisibilidade não é um acaso, mas sim o resultado de um projeto que visa minimizar a história da resistência negra, perpetuando a narrativa de que a abolição da escravidão foi uma ato de bondade, ao invés de um resultado de lutas e reivindicações.
Com “Malês”, Pitanga se propõe a desfazer essa omissão. O diretor busca não apenas retratar um passado esquecido, mas também devolver a dignidade àqueles que foram silenciados pela história. O filme é um convite à reflexão sobre a verdadeira essência da história brasileira, que não pode ser contada sem incluir as vozes da insurgência e da resistência.
A obra promete não apenas entreter, mas também educar, desafiando o público a reavaliar o que conhece sobre sua própria história. Com a estreia de “Malês”, Antônio Pitanga reafirma seu papel como artista e ativista, contribuindo para que a memória dos Malês finalmente ocupe o espaço que merece na narrativa nacional.