Em discurso transmitido pela televisão estatal VTV, Maduro afirmou estar trabalhando na preparação de duas prisões que ficarão prontas em 15 dias. “Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito, presídios de segurança máxima”, declarou. Tocorón é conhecido por ser o centro operacional da notória quadrilha Trem de Aragua.
O presidente também disse que há mais de 1.200 manifestantes capturados e que as autoridades estão em busca de outros mil, alegando que muitos foram treinados nos Estados Unidos, Colômbia, Peru e Chile. Sob intensas pressões de mais de 40 países para apresentar as atas das seções eleitorais e possibilitar uma auditoria do pleito, Maduro equiparou os manifestantes a “terroristas” e “delinquentes” e mencionou que terão um longo caminho pela frente, insinuando um processo de “reeducação” nos presídios.
Até o momento, os confrontos entre manifestantes e forças de segurança deixaram pelo menos 11 civis e um militar mortos. A oposição alega que o número real de mortos é 16, mas não apresentou provas para sustentar essa cifra.
Liderados por María Corina Machado e seu candidato, Edmundo González Urrutia, os opositores acusam o governo de repressão cruel e escalam novas manifestações. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Machado convocou os cidadãos a hastear a bandeira venezuelana durante os protestos, afirmando que a população deve permanecer firme e determinada a lutar pela liberdade.
Na quarta-feira, Maduro responsabilizou Machado e González Urrutia pelos eventos violentos, declarando que ambos têm “sangue em suas mãos” e deveriam estar presos. Em um artigo de opinião publicado no The Wall Street Journal, Machado revelou estar escondida, temendo por sua vida e liberdade.
Após as eleições de domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos, enquanto seu rival, González Urrutia, obteve 44%. No entanto, a oposição afirma ter documentos que comprovam que González Urrutia recebeu 67% do total de votos.
Também nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) convocou os candidatos presidenciais para uma audiência, após aceitar um recurso de Maduro. A presidente do TSJ, Caryslia Rodriguez, anunciou que o tribunal iniciará um processo de investigação para verificar os resultados das eleições. Além de Maduro e González Urrutia, outros oito candidatos menos expressivos também foram chamados para comparecer. “Eu estarei lá, espero que todos os candidatos compareçam”, disse Maduro em um comício.