Macacos guaribas retornam a Alagoas após décadas de extinção, Projeto de reintrodução visa recuperar biodiversidade no Litoral Sul do estado

Na última terça-feira, dia 14, um importante passo para a conservação da fauna brasileira foi dado com a reintrodução de três macacos da espécie guariba-de-mãos-ruivas, que foram transportados de Pernambuco para o estado de Alagoas. Este evento ocorreu em Coruripe, uma área de Mata Atlântica que, lamentavelmente, não via a presença desses primatas há décadas. A operação foi acompanhada por uma força-tarefa ambiental, composta por diversos órgãos e especialistas, com o objetivo de garantir o bem-estar dos animais durante a transição para seu novo habitat.

A soltura dos macacos aconteceu na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Usina Coruripe, um local que se busca não apenas preservar, mas também regenerar uma fauna que sofreu severas perdas ao longo dos anos. A expectativa dos ambientalistas é que esses três indivíduos sejam fundamentais para a repopulação da espécie na região, uma vez que os guaribas-de-mãos-ruivas estavam extintos localmente e a espécie, em âmbito nacional, é classificada como ameaçada com menos de 500 indivíduos em todo o Brasil.

A bióloga Vitória Fernandes Nunes explicou que, apesar da expectativa pela reintrodução, o processo requer uma gradual adaptação dos primatas. “Eles passarão por um processo de reabilitação, o que inclui a socialização e o fortalecimento da musculatura. Estimamos que em um período de dois a três meses, poderemos realizar a soltura definitiva”, esclareceu.

Este esforço de conservação faz parte de um projeto maior que envolve o Ministério Público Estadual e que é fundamental para a recuperação de especies à deriva da exploração ambiental, como a caça e o desmatamento. Alberto Fonseca, promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, sublinhou a relevância desse projeto, destacando que, através de iniciativas como essa, Alagoas não apenas conserva o que ainda existe, mas trabalha para recuperar o que foi irremediavelmente perdido.

Além dos guaribas, a unidade de conservação já recebeu outros animais ameaçados, como os papagaios chauás, que foram resgatados de tráfico e maus-tratos, e em breve, o mutum-de-alagoas, que não é visto na natureza há cerca de 30 anos, também deverá ser reintroduzido na reserva. Tais iniciativas visam fortalecer a biodiversidade do Brasil e exemplificam a importância da atuação conjunta entre órgãos ambientais e a sociedade na luta pela conservação da fauna nacional.

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