Macacos do Brasil desenvolvem habilidade de produção de ferramentas rudimentares, desafiando noções sobre evolução e a inteligência dos hominídeos.

Recentes estudos científicos revelam que uma espécie de macaco brasileiro, conhecida como macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), demonstra habilidades de fabricação de ferramentas rudimentares semelhantes às que foram utilizadas por ancestrais humanos durante a Idade da Pedra Lascada. Essa descoberta, que ocorreu em Montes Claros, Minas Gerais, surgiu a partir de uma pesquisa que envolveu pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros e cientistas estrangeiros, destacando-se no cenário da antropologia devido às implicações que traz para a compreensão da evolução cognitiva tanto dos primatas quanto dos seres humanos.

Os macacos-prego observados são capazes de produzir lascas de pedra ao utilizarem pedras para quebrar sementes e frutos duros, um comportamento que, segundo os pesquisadores, não é intencional, mas sim um subproduto de suas atividades. Essa descoberta é especialmente significativa, pois provoca uma reavaliação das noções existentes sobre a superioridade intelectual do Homo sapiens, ao sugerir que a capacidade de produzir ferramentas rudimentares pode não ser exclusiva dos seres humanos ou de espécies de primatas mais próximas a eles, como os chimpanzés.

Histórias anteriores sobre a fabricação de ferramentas por primatas estão amparadas em evidências que datam a sua habilidade na produção de objetos semelhantes às primeiras ferramentas de pedra conhecidas. Estudos anteriores já identificaram capacidades similares em chimpanzés e outros primatas, mas o que diferencia essa nova descoberta é que a espécie estudada é evolutivamente mais distante dos humanos.

Essa pesquisa incita novos diálogos sobre as origens da tecnologia em hominídeos, levantando a hipótese de que os ancestrais humanos também podem ter criado ferramentas de forma acidental, revelando um potencial cognitivo mais amplo do que se supunha anteriormente. Além disso, ela desafia a categoricamente aceita visão das habilidades tecnológicas humanas como um marco isolado e radicalmente distinto entre espécies, sugerindo que a evolução da ferramenta e da cultura pode ser um traço mais comum na linhagem dos primatas. Assim, o estudo não apenas enriquece o entendimento sobre a evolução das ferramentas, mas também convida à reflexão sobre as complexidades da cognição entre diferentes espécies de primatas.

As implicações decorrentes dessa descoberta se estendem para a compreensão do comportamento dos hominíneos em períodos antigos, onde a produção de ferramentas rudimentares poderia ter sido uma variável comum que, a depender do contexto, poderia ter sido acessível a várias espécies primatas. A busca por entender a evolução da tecnologia de ferramentas continua a ser um dos desafios centrais da antropologia e pode nos oferecer novas informações sobre nosso próprio desenvolvimento como espécie.

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