O Palácio do Planalto enfatizou que a iniciativa busca estreitar a relação entre as prefeituras e os programas do governo federal, fortalecendo assim o pacto federativo. Essa aproximação é considerada fundamental, especialmente após o sucesso de partidos como PSD e MDB nas urnas em 2024. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, destacou a importância de identificar áreas críticas para investimento, reiterando que a prioridade do governo é atender às demandas da população e expandir as frentes de investimento que já estão em andamento.
A cientista política Clarisse Gurgel, em entrevista, revelou que essa convergência política é uma resposta de Lula a um cenário em que seu governo parece estar criando dificuldades na construção de uma base sólida de apoio. A especialista discorreu sobre a importância das prefeituras como agentes de domínio político e administração local, afirmando que, historicamente, o governo da ex-presidente Dilma Rousseff havia conseguido uma hegemonia significativa nessas esferas até 2012. Contudo, a erosão da base de apoio da esquerda, exacerbada pelos efeitos de crises econômicas e pela oposição da extrema direita, resultaram em uma queda acentuada dos partidos progressistas no âmbito municipal.
Gurgel também observou que a falta de uma equipe coesa dentro do governo atuais está resultando na deterioração do poder central, à medida que a descentralização orçamentária avança. Essa dinâmica tem beneficiado figuras como Gilberto Kassab, presidente do PSD, que se posiciona como um forte influenciador na política municipal, enquanto as críticas ao governo e sua estratégia se intensificam. Para Gurgel, o encontro representa um “feirão” de negociações onde o governo Lula está em desvantagem, sugerindo uma tendência de concessões por parte dos representantes do governo no decorrer do evento.
Nos próximos dias, o cenário deve favorecer a troca de ideias entre o governo e prefeitos com uma inclinação política à direita, criando um espaço onde estes se sentirão confortáveis e assegurados de que têm a vantagem. Essa situação levanta preocupações sobre a capacidade do governo de manter sua agenda frente a um contexto político que parece ter mudado em favor dos adversários.