A polêmica reascendeu após a rede de supermercados Carrefour emitir um pedido de desculpas ao Brasil por declarações depreciativas sobre as carnes brasileiras. No entanto, mesmo após essa retratação, o Parlamento francês se posicionou contra o acordo de livre comércio, argumentando que o tratado implicaria em uma concorrência “desleal” para os agricultores locais. O deputado francês Vincent Trébuchet chegou a classificar a carne do Brasil como “lixo”, ecoando preocupações que já haviam sido levantadas pela ministra da Agricultura e Soberania Alimentar da França, Annie Genevard. Segundo ela, o acordo falha em atender os padrões sanitários e ambientais exigidos pela UE.
O histórico de negociações entre o Mercosul e a UE, que já dura mais de duas décadas, encontra resistência especialmente da França e da Bélgica. Esses países temem que a entrada de produtos brasileiros, que poderiam ser oferecidos a preços mais competitivos devido à isenção de tarifas de exportação, comprometa a participação de seus mercados agrícolas. Especialistas destacam que, sem a imposição de taxas, o Brasil teria condições de inundar os mercados europeus com uma variedade de produtos.
Em meio a essa controvérsia, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou que tomará medidas jurídicas contra o Carrefour e a Les Mousquetaires, outra rede que se opôs à comercialização de carne sul-americana, revelando a tensão que permeia as relações comerciais entre Brasil e a UE. A situação destaca não apenas as complexidades das negociações internacionais, mas também os desafios que o Brasil enfrenta para expandir sua influência no mercado global em um cenário repleto de disputas e resistências.