Lula indica Paulo Gustavo Gonet Branco para procurador-geral da República após disputa acirrada e sem considerar lista tríplice.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma indicação na segunda-feira, escolhendo o subprocurador-geral Paulo Gustavo Gonet Branco para assumir o cargo de procurador-geral da República. No entanto, a indicação deve passar pelo crivo do Senado, onde será submetida a uma sabatina e votação no plenário para ser confirmada. A demora do presidente em tomar uma decisão sobre o posto foi notável, pois a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional de Procuradores da República não foi considerada.

A nomeação ocorre após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ser temporariamente comandada pelo subprocurador-geral Elizeta Ramos por dois meses. Gonet, atualmente com 62 anos, ocupa o cargo de vice-procurador-geral Eleitoral, para o qual foi escolhido durante a gestão de Augusto Aras.

Nos últimos dias, a disputa pelo comando da PGR havia se limitado a Gonet, apoiado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e Antônio Carlos Bigonha, que também é subprocurador-geral e contava com o respaldo de alas do PT e membros próximos de Lula.

A demora do presidente em fazer a escolha se deu, de acordo com relatos, porque Lula não estava seguro de ter um nome de sua confiança para o cargo. Em conversas privadas, o petista afirmava considerar a função como fundamental, destacando a importância de uma reconstrução das relações com o Ministério Público, que foram abaladas nos últimos anos devido às investigações sobre administrações petistas.

Além de Gonet e Bigonha, os subprocuradores-gerais Aurélio Rios e Luiz Augusto Santos Lima entraram na disputa nas últimas semanas, mas não conseguiram convencer o presidente, que voltou sua atenção para os primeiros candidatos.

Pela primeira vez em suas administrações, Lula ignorou a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Em seus dois mandatos anteriores, o petista escolheu os primeiros colocados na votação interna para o cargo. Desta vez, os três nomes que integravam a lista eram os subprocuradores-gerais Luiza Frischeisen e Mario Bonsaglia, e José Adonis Callou.

Gonet ingressou no Ministério Público Federal em 1987 e atuou em diversas áreas, como constitucional, criminal, eleitoral e econômica. O subprocurador-geral é doutor em Direito, Estado e Constituição, pela Universidade de Brasília (UnB), e mestre em Direitos Humanos, pela University of Essex, do Reino Unido. Ele também atuou como diretor-geral da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) e foi sócio do ministro Gilmar Mendes na instituição de ensino superior IDP, cargo que não ocupa mais. Gonet foi o responsável pelo parecer do Ministério Público Eleitoral que resultou na condenação e inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Após a publicação no Diário Oficial, a indicação será enviada ao Senado para que Gonet seja sabatinado, e a instituição aprove sua nomeação. A sabatina ocorre na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde os candidatos são questionados sobre suas posições jurídicas. O nome precisa ser aprovado tanto na CCJ como no plenário do Senado, sendo que até hoje nunca houve uma rejeição de nome indicado pelo presidente da República.

Sair da versão mobile