O discurso de Lula também abordou temas como o aumento do autoritarismo, que ele associou à ascensão da extrema direita em várias partes do mundo e discorreu sobre a crise do multilateralismo. O presidente brasileiro reafirmou que uma solução militar para o conflito na Ucrânia não é viável e apresentou o Grupo de Amigos da Paz, uma iniciativa conjunta com a China, como uma abordagem alternativa para ajudar na resolução do embate.
Após a fala de Lula, Trump fez uma revelação inesperada ao mencionar um encontro que teve com o presidente brasileiro nos bastidores da Assembleia e sugeriu que ambos se reuniriam na próxima semana. A reação do ex-presidente americano surpreendeu muitos, dado o conteúdo do discurso de Lula. Especialistas em relações internacionais têm debatido o significado dessa interação. Para alguns, esse encontro pode enfraquecer a posição de Lula, servindo como um veículo para Trump reforçar sua influência sobre o Brasil.
Vinícius Guilherme Rodrigues Vieira, professor da FAAP, e Tainah Santos Pereira, doutoranda na UFRJ, analisaram a situação. Vieira aponta que a cordialidade demonstrada por Trump pode ser interpretada como uma armadilha, considerando o histórico do presidente americano com líderes de outras nações. Tainah, por sua vez, ressalta que Lula aproveitou a oportunidade para destacar a crescente união dos países do Sul Global em oposição à abordagem unilateral dos EUA, citando diversas organizações multilaterais.
Ambos os especialistas concordam que o distensionamento nas relações entre Brasil e EUA é uma expectativa, embora não se acredite que o encontro possa reverter as tarifas já aplicadas ao Brasil. O evento na ONU revelou não apenas as tensões geopolíticas atuais, mas também a manobra estratégica de Lula em destacar a necessidade de colaboração e diálogo entre nações em um cenário internacional que parece cada vez mais polarizado.